Setor público volta a investir em TI

O governo brasileiro passou por intensas transformações durante os anos 90, que o levou a conter gastos e reduzir os investimentos de maneira geral, ocasionando um elevado déficit tecnológico. Porém essa situação tende a mudar, segundo recentes análises da Frost & Sullivan, empresa internacional de consultoria e inteligência de mercado, que comprovam que até 2009 os investimentos do governo Federal em tecnologia, que somam desenvolvimento e aquisição de software com equipamentos de hardware e redes, devem chegar a aproximadamente US$ 1,2 bi. Em 2004, o total investido foi US$ 634 milhões, o que representa um crescimento de 9% em relação a 2003.
De acordo com a pesquisa, o governo ainda tem muitas necessidades primárias reprimidas pela falta de recursos disponíveis, embora órgãos relacionados a assuntos fiscais e orçamentários tiveram maior desenvolvimento tecnológico. Por essa razão, um dos objetivos do governo é otimizar os custos com comunicação. “Como os investimentos na área de tecnologia são descentralizados e cada órgão decide o que fazer com o seu orçamento, muitas instituições não são interligadas entre si e usam as chamadas de longa distância para se comunicar, elevando os custos que poderiam ser minimizados com o desenvolvimento de redes”, afirma Alex Zago, analista de pesquisa da Frost & Sullivan.
Já em relação a software, a tendência do governo é adotar o software livre, uma vez que somente em 2003 economizou cerca de US$ 10 milhões com esse sistema. Segundo o próprio governo, até o final de 2005, 30% dos PCs devem utilizar o software livre. “A atual administração quer evitar o monopólio de grandes empresas, porém ainda encontra limitações para essa solução como a dificuldade de integrá-la a um ambiente de TI heterogêneo e a resistência de seus usuários em usá-la”, observa o analista.
Em paralelo, para reduzir as despesas e ao mesmo tempo investir em tecnologia, o governo está seguindo a prática das empresas privadas de “fazer mais com menos”, adotando para isso novos instrumentos de negociação. Hoje é prática renegociar os contratos existentes e utilizar leilões físicos e virtuais em busca de melhor relação custo/benefício. “O governo quer soluções funcionais, customizadas e que possam ser administradas por ele mesmo”, enfatiza Zago. Além disso, as PPPs (Parcerias Público Privadas) poderão facilitar os investimentos do governo em tecnologia, mesmo que indiretamente.
Estados e municípios – São Paulo é hoje o Estado que mais aplica recursos em tecnologia, mas a tendência é que os demais também passem a direcionar parte de suas receitas a esse setor. “O governo quer proporcionar o acesso digital a grande parte da população e para isso depende de ações estaduais”, destaca Zago. Se essas práticas forem aplicadas, o analista acredita que até 2009 a maioria dos projetos federais deverá ser concretizada. “Eles permitirão a profissionalização da administração pública e criarão um círculo virtuoso no qual os investimentos serão transformados em economia e eficiência”, finaliza.

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