O avanço da neurociência nas últimas décadas vem permitindo uma compreensão cada vez maior de como funciona o cérebro humano e de como pensamentos, emoções, sentimentos e comportamentos são produzidos. Além dessa área, há outra que também estuda os motores de decisões das pessoas, que é a Economia Comportamental. Embora ainda pouco difundida no Brasil, através dela é possível entender alguns padrões de comportamento, o que é crucial para mapear a forma como os cidadãos consomem. Afinal, se nossas decisões são influenciadas por aspectos sociais e psicológicos, por que não levar esses pontos em consideração também na criação de novos produtos e serviços?
“Seja no contexto de compras ou para promover mudanças que possam gerar bem-estar, saúde e tranquilidade financeira, os estudos da Economia Comportamental movem o nosso olhar para detalhes antes desconsiderados e fornecem ferramentas poderosas para entender mais a fundo os consumidores”, explica Flávia Ávila, especialista no assunto.
Mestre em Economia Comportamental pelo CeDEx group (Centre for Decision Research and Experimental Economics), da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, Flávia foi uma das coordenadoras do primeiro Guia de Economia Comportamental e Experimental do Brasil, disponível gratuitamente na web (www.economiacomportamental.org/guia).
Ela ainda explica que um dos pontos fundamentais dessa área é utilizar experimentados controlados, big data, neurociência e outros métodos empíricos para testar e medir quais, como e quanto fatores econômicos, psicológicos, sociais e emocionais afetam uma determinada tomada de decisão. No entanto, a especialista ressalta que, no País, quase não temos estudos experimentais, o que dificulta a aplicação e expansão do tema. “As coisas mudam muito de acordo com a cultura de cada país. Por isso, é difícil usar as informações dos estudos lá de fora na nossa realidade. Precisamos olhar para o Brasil por uma nova perspectiva. Incentivar uma cultura que valorize testar novas ideias, aprender e testar de novo”, destaca.
Por fim, ela cita uma frase do professor Ravi Ghar, da Yale School of Management, que diz que “a economia comportamental é um modo de pensar melhor e mais inteligentemente sobre consumidores e organizações a fim de tomar as melhores decisões”.