Autor: Fernando Teles
Finalmente o mercado aprendeu que quem manda é o consumidor e que não basta forçar um produto ou um serviço sem saber se ele é necessário na vida das pessoas. Inovar por inovar já não funciona mais. Perde-se tempo, dinheiro e credibilidade. Por isso, tenho falado tanto sobre a importância de soluções que resolvam uma dor do consumidor. Mas como saber o que o seu cliente quer?
Não ache que essa resposta é simples ou que o próprio consumidor sabe qual é a dor dele. Se Steve Jobs tivesse feito essa pergunta antes de lançar o iPod, ninguém ia dizer: ´Eu quero um aparelho pequeno que possa gravar e armazenar um monte de música…´. Todo mundo diria estar satisfeito com seu walkman.
Veja o nosso caso, por exemplo. O consumidor final não tem nenhum problema em pagar. Ele vai ao estabelecimento comercial, compra o produto e vai para a casa. Simples, rápido e seguro. A dor dele é outra. Ele quer ter mais tempo livre para ele e para a família. Nós conseguimos oferecer uma experiência de compra que facilita a vida das pessoas e consequentemente dos nossos clientes e parceiros, que são os emissores, estabelecimentos comerciais e credenciadores.
Nem sempre é tão fácil chegar à raiz do problema e aí vem a grande questão que precisa mudar dentro das empresas. A inovação não pode estar centralizada nas mãos de uma área ou de algumas pessoas. É preciso fazer com que todos sejam embaixadores e criar ferramentas, dinâmicas e processos que habilitem essas pessoas a contar suas ideias. Aqui, costumo dizer que uma boa ideia não externalizada não serve para nada. Por isso, temos mais de 150 funcionários responsáveis pela estratégia de inovação da companhia, basicamente todo mundo.
Temos utilizado a metodologia de design thinking, hackathons e sessões de cocriação com nossos funcionários e clientes para promover esse mindset. O mais interessante é que já percebo excelentes reflexos disso. Em 2017, lançamos mais soluções disruptivas em parceria com emissores, estabelecimentos comerciais e credenciadores e ainda trouxemos as startups e aceleradoras parceiras para esse ecossistema. E o melhor: fizemos tudo isso em um curto período de tempo com base no Minimum Viable Product. Às vezes esse “produto” precisou de um pequeno ajuste, outras vezes mudou completamente ou até não deu certo, mas perdemos pouco tempo, pouco dinheiro, pouca energia. Se falhamos, a vantagem é que percebemos rápido.
Por tudo isso, não deixem as ideias morrerem nas cabeças dos seus funcionários e não esperem um momento certo por querer aparar todas as arestas antes de colocar um produto na rua. Se demorar, alguém lança sua brilhante ideia antes de você. E ela deixa de ser brilhante.
Fernando Teles é country manager da Visa do Brasil.