Autor: Sílvio Celestino
Quando um deputado criminoso se mantém no cargo com o auxílio de centenas de seus pares, surge a pergunta: vale a pena ser ético em um país onde os antiéticos são celebrados?
Não apenas na esfera pública, mas nas empresas há pessoas que saem vitoriosas sem observar as regras. Pior é ver que seu sucesso tira oportunidades de indivíduos íntegros e que fariam muito melhor à organização e, em uma esfera mais abrangente, ao País.
Existe, de fato, um embate histórico em curso. O uso de tecnologias, notadamente os smartphones e as redes sociais, jogaram luz nas pessoas e seus comportamentos em todos os cantos do mundo. Nenhuma dessas tecnologias nos tornou melhores, mas, agora, não há como ignorar quem é ético e quem não é. Graças a elas, sabe-se muito mais sobre pessoas, empresas e governos. E o que vemos não é exatamente o que gostaríamos.
No longo prazo, entretanto, o indivíduo de má índole terá de se fechar em um círculo pequeno de pessoas. Encontrará amizade somente naqueles que têm algum interesse nele, em seu dinheiro ou poder. Além disso, se não conseguir acobertar indefinidamente seus atos, acabará tendo de lidar com intermináveis processos jurídicos e, eventualmente, na prisão. Penso que somente quem é deturpado pode considerar inspirador ter um cônjuge, pai ou um amigo que é bem-sucedido por fraudar processos e prejudicar os outros.
Embora com menor ênfase na mídia, todos os dias milhões de indivíduos de bom caráter levantam-se para fazer algo positivo com suas vidas. Entre esses, há aqueles que, em cargos executivos, lutam para criar seu espaço na selva corporativa e evitam, no percurso, que seus pares de má índole realizem ações que causariam danos às pessoas e às empresas. Às vezes, ganham, às vezes perdem, mas sabem que devem lutar para se preparar e ocupar posições relevantes que, cada vez que caem em mãos erradas, causam grandes danos a todos.
Não existe desonestidade maior que a incompetência. É por isso que, em geral, pessoas de má índole não são muito inteligentes. Mas, como estão em um caminho de destruição, e o ato de destruir é muito mais simples que o de construir, parecem mais astutas que de fato são. Não importa quantos desses indivíduos estejam em nosso caminho. Devemos ser capazes de ganhar deles também se desejarmos ser bem-sucedidos e construir organizações melhores para todos.
A ética na vida e nos negócios é uma escolha pessoal. Não espere modelos que possam inspirá-lo. Seja você mesmo a fonte de ética que espera encontrar no mundo. A vida não ficará mais fácil por você jogar de acordo com as regras, mas, no longo prazo, o sucesso será desfrutado com liberdade, dignidade e paz de espírito. E nenhum legado pode ser mais valioso que isso. Vamos em frente!
Sílvio Celestino é sócio-fundador da Alliance Coaching.