As empresas precisam entender melhor o valor que elas geram para a sociedade com o objetivo de proteger e produzir valor corporativo. É que apresenta o relatório “Uma Nova Visão de Valor”, publicado pela KPMG. O estudo identifica os três fatores-chave que estão estimulando a diminuição da diferença entre a geração de valores corporativo e social, que são: os novos regulamentos e normas; a influência cada vez maior das partes interessadas; e a dinâmica de mercado em constante transformação sob influência de megaforças econômicas, sociais e ambientais.
Segundo a pesquisa, esses três elementos significam que os fatores externos corporativos, que possuíam pouco ou nenhum impacto sobre os fluxos de caixa e os perfis de risco, agora trazem novas ameaças e oportunidades que causam implicações significativas em termos de geração de valor corporativo no século XXI. O relatório contém ainda estudos de caso que ilustram como as novas regulamentações, as ações das partes interessadas e a dinâmica de mercado poderiam afetar o lucro de três modelos de negócios: uma mina de ouro na África do Sul, uma fábrica de cerveja na Índia e uma unidade fabril de plástico nos Estados Unidos. Para isso, é aplicada a metodologia de Valor Real da KPMG para descobrir que, em um cenário de 2030, a fábrica de cerveja poderia ver sua margem de lucro de 5% ser transformada em uma perda de 4%. A mina de ouro poderia ver sua margem de lucro reduzida a um nível de 1%, o que a transformaria em um negócio financeiramente insustentável. A unidade fabril de plástico, por outro lado, estava mais bem protegida contra a internalização de suas externalidades em virtude de sua localização e de suas condições específicas ao setor.
“As externalidades agora fazem parte da história de geração de valor de todas as empresas. Os líderes e investidores precisam estar atentos a essa nova dinâmica para eliminar restrições às oportunidades de geração de valor e gerenciar riscos. Eles precisam identificar e quantificar as externalidades, reconhecer o que está influenciando na internalização e entender as implicações para o valor corporativo”, explica o diretor da prática de mudança climáticas e sustentabilidade da KPMG, Ricardo Zibas.
O relatório também destaca como o alinhamento mais estreito entre a geração de valor corporativo e a geração de valor social está sendo refreado pelo sistema financeiro atual, em que muitos investidores e líderes empresariais estão focados quase exclusivamente em termos de geração de valor de curto prazo para os acionistas. Ele propõe uma pauta para mudanças organizada em seis pontos: demonstrar liderança e medidas tangíveis; esclarecer o conceito de dever fiduciário; aprimorar o entendimento da relação entre a geração de valor corporativo e a geração de valor social; mudar as delegações de autoridade e os incentivos; aprimorar a qualidade dos dados fornecidos por empresas e investidores; e proporcionar um ambiente de políticas viabilizadoras.