Arriscado por si só

É visível que, com o agravamento da situação macroeconômica do País, o incentivo ao crédito reduziu consideravelmente. Inclusive com linhas de crédito de mais fácil acesso, como o rotativo, por exemplo. Se por um lado houve aumento de 5% nas taxas de juros de serviços não rotativos, por outro lado essa modalidade teve um aumento de 66 pontos percentuais no comparativo de junho deste ano contra o mesmo mês de 2014, segundo Flávio Calife, economista da Boa Vista SCPC. Essa alta, por si só, deveria brecar a busca por este serviço. Entretanto, é inegável que as pessoas ainda buscam crédito, seja para fechar o orçamento do mês ou para continuar consumindo igual aos últimos anos. E, por isso, mesmo arriscado, o crédito rotativo tem se tornado a primeira opção de muitas pessoas.
Dessa forma, o problema principal que se apresenta diante do cenário é a probabilidade futura de que as taxas elevadas podem proporcionar. “No entanto, a pouca demanda de mercado age no contra-fluxo, compensando as perdas e deixando a inadimplência média do sistema estável”, explica Calife. Ainda segundo o economista, algumas concessionárias estão impondo uma taxa adicional ao crédito rotativo oferecido, a fim de se resguardar. Afinal, os consumidores que realmente quiserem contratar esse crédito, com todas as suas taxas, demonstram estar desesperados com a própria situação financeira.
Observando essa medida de cautela, a previsão para o restante do ano é de que o crédito rotativo eleve ainda mais a taxa de juros. Assim, o crédito rotativo estaria apresentando, a seu modo, uma forma de recessão, tal quais as demais carteiras de crédito, a fim de reduzir a inadimplência. “O maior rigor dos concedentes (desde última crise de inadimplência, em 2012) vem contribuindo para que não haja novo pico de inadimplência, mas essas modalidades tradicionalmente estão sujeitas a maiores probabilidades de não pagamento”, finaliza Calife.

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