Autor: José Salvino de Menezes
Um novo modelo de negócio emerge de forma promissora na economia do Brasil: o cooperativismo de crédito. A influência do setor no país tem proporcionado o desenvolvimento socioeconômico de forma sustentável e inclusiva. Além de contribuir com a manutenção das economias locais, o setor cooperativista de crédito se apresenta como uma alternativa com viabilidade econômica e de responsabilidade social.
As cooperativas de crédito são sociedades de pessoas que buscam, por meio da união e da intercooperação, prestar serviços financeiros competitivos em benefício de todos seus associados, que também são donos do negócio. Sempre alicerçado em valores éticos, o cooperativismo de crédito não visa lucros e privilegia o valor pessoal de cada cooperado integrante da sociedade. Além disso, os recursos provenientes das cooperativas são aplicados nas comunidades na qual estão inseridas, estimulando seu crescimento econômico e social.
Com este modelo de negócio, o setor tem experimentado índices de crescimento superiores em relação ao Sistema Financeiro Nacional (SFN). No primeiro semestre de 2012, os ativos das cooperativas cresceram 13,75% em relação a dezembro do ano passado, de R$ 86 bilhões em dezembro de 2011 para R$ 98 bilhões em junho deste ano. O patrimônio cresceu 10,62%, chegando a R$ 17,6 bilhões e nos depósitos o segmento teve uma expansão de 21,22%, saindo de R$ 38 bilhões em dezembro de 2011 e alcançando a marca de R$ 46 bilhões em junho de 2012. No quesito empréstimos, o aumento foi de 9,94%, totalizando R$ 41,6 bilhões. O setor cooperativista de crédito possui a 2º maior rede de atendimento em todo país com aproximadamente 5 mil pontos que atendem a 5,8 milhões de pessoas ligadas ao segmento e 1.312 cooperativas de crédito atuantes no país.
No mundo, o cooperativismo de crédito é um dos setores que mais cresce. Segundo o Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito (WOCCU, na sigla original), em 2011 existiam 51 mil cooperativas de crédito em 100 países, somando 200 milhões de associados. A entidade também aponta que aproximadamente 8% da população economicamente ativa do mundo é associada a uma cooperativa de crédito.
Reconhecendo o crescimento vertiginoso do cooperativismo de crédito no Brasil, o governo decidiu instituir uma data na qual o setor fosse celebrado. Em maio deste ano, a presidente Dilma Roussef promulgou a Lei 12.620 e estabeleceu o Dia Nacional das Cooperativas de Crédito, 28 de dezembro. Um marco para o setor e uma demonstração do interesse do governo brasileiro pelo tema.
Além desta data, todo ano, na 3ª quinta-feira do mês de outubro, é celebrado mundialmente o Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito. A data, comemorada este ano no dia 18 (hoje), relembra o empenho dos pioneiros na construção dos valores do setor. A comemoração, que ganhou um significado especial em virtude das celebrações do Ano Internacional das Cooperativas, evidencia o sucesso e o desenvolvimento do segmento no mercado.
Neste ano, ao papel das entidades cooperativistas no desenvolvimento econômico da sociedade, inclusão social e geração de renda no mundo todo, também foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), que elegeu 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas, com o slogan “Cooperativas constroem um mundo melhor” com o objetivo de despertar o interesse e sensibilizar governos e a sociedades sobre o papel das cooperativas no desenvolvimento socioeconômico das comunidades onde atuam, bem como destacar a importância da criação de políticas que contribuam para o crescimento do setor. No Brasil, o Banco Central (BC), lançará no final deste mês uma moeda comemorativa que apresentará a logomarca oficial e o slogan do Ano Internacional das Cooperativas.
A mudança da realidade socioeconômica depende de todos nós. E isso pode ser feito por meio da intercooperação. Os valores e princípios do cooperativismo podem fazer toda diferença na consolidação de uma sociedade que valoriza o capital humano em detrimento do lucro. O ano de 2012 é especial para milhares de pessoas no mundo que pensam diferente, para todos aqueles que têm no cooperativismo de crédito um modelo ideal de desenvolvimento
O empenho do governo no fortalecimento do modelo cooperativista de crédito surge da necessidade de redução das diferenças econômicas e sociais com foco no crescimento justo e sustentável. E a promoção deste modelo, deve ser feita por meio da educação para que, no futuro, as crianças de hoje possam ter a consciência de que o cooperativismo de crédito é um instrumento imprescindível para viabilizar o bem-estar social, independência e autonomia econômica.
José Salvino de Menezes é presidente do Sicoob Confederação.