Deu no mesmo?

Em maio do ano passado, entrou em vigor a Resolução CMN nº 4.292 que estabeleceu novas regras para a portabilidade de crédito, que possibilita que o cliente transfira seu débito de uma instituição para a outra. A nova regulamentação trouxe algumas mudanças, entre elas, a possibilidade de a instituição financeira de onde o cliente quer sair realizar uma contraproposta em até cinco dias. Assim, com a portabilidade, o cliente se torna mais livre para escolher a instituição financeira e isso torna a competição entre elas mais acirrada, segundo Marcelo Moreira, diretor jurídico da Sorocred. “Agora, será preciso formular contrapropostas para atender aos clientes, cada vez mais exigentes e conscientes dos seus direitos, se adequando com dinamismo à competição, ao mercado e à redução nas taxas de juros”, completa.
No entanto, passado todo esse período, o assunto ainda levanta discussão. Isso porque, o impacto que se esperava acabou não se concretizando na prática. Para alguns, ainda assim, a regulamentação foi benéfica, outros acreditam que pouco mudou. Da primeira opinião está Edmar Casalatina, diretor de empréstimos e financiamento do Banco do Brasil, que vê a mudança de forma positiva “Para as instituições que eram foco de portabilidades sem a possibilidade de apresentação de contrapropostas, o novo modelo permitiu ações mais eficientes na negociação junto aos clientes”, afirma.
As mudanças também puderam ser sentidas em outros aspectos, como afirma Virgínia Moreira, diretora comercial de crédito consignado do Banco Intermedium. “A regulamentação da portabilidade proporcionou, principalmente, maior segurança para o cliente efetuar esse tipo de operação. Por isso, os bancos têm sido mais procurados pelos consumidores, não somente para obter financiamento mais vantajoso, mas também por aspectos qualitativos, como: atendimento diferenciado, comodidade ao realizar o negócio, dentre outros” diz a executiva. O atendimento, também é citado por Jeyson Cordeiro, gerente nacional de estratégia e inteligência de mercado da Caixa, como um item importante para a fidelização do cliente. “As novas regras acirraram a competitividade nas condições dos produtos de crédito e reforçaram a importância da qualidade do atendimento prestado pelo cliente”, responde.
Porém, apesar de ser considerado “um bom instrumento que dá condições ao cliente que possui qualquer dívida bancária tentar buscar uma redução da mesma” pelo diretor da Anefac, Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade, Miguel José Ribeiro, a ferramenta ainda não é utilizada por grande parte da população. Para ele, o pouco uso pode estar relacionado à economia nacional “o momento econômico atual dificulta maior interesse das instituições financeiras na portabilidade em ambiente de juros maiores e maior risco de inadimplência”, diz o executivo.
Além da situação econômica atual, o professor de administração da FIA, Rodolfo Olivo, vê também a falta de divulgação como um desafio para o uso da portabilidade. “Apesar de já ter se passado mais de um ano, as mudanças ainda foram tímidas, uma vez que isso ainda é desconhecido de parte significativa da população”, disse o professor. O coordenador do curso de Administração da Mackenzie Campinas, Luiz Carlos Lemos, também vê a pouca divulgação como um problema “O maior desafio passa pela divulgação da novidade. Sem o devido esclarecimento, portadores de crédito, continuarão reféns daqueles que lhes concederam recursos”, completa.

Corrida para fidelizar 

Portabilidade
de crédito exige que bancos ofereçam serviços diferenciados ao cliente

Desafio para as instituições financeiras

Portabilidade
de crédito aumenta competitividade, junto com momento econômico que não
favorece negociações

Maior concorrência

Regulamentação
da portabilidade de crédito aumenta disputa dos bancos pelo cliente

Falta divulgação

Especialista
aponta que a portabilidade de crédito precisa ser mais difundida

Mais clareza na relação

Instituições
precisam apostar na transparência das negociações para conquistar cliente de
crédito

Bom para bancos e clientes

Ao
gerar maior competitividade, portabilidade de crédito pode ser vantajosa para
todos envolvidos

Possibilidade de conquista

Lei
da portabilidade de crédito deve ser encarada por instituição financeira como
chance de fidelizar o cliente

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