O índice de inadimplência entre pessoas físicas permanece em elevação desde o início do ano, para 6,6% em julho, o que representa alta de 0,9 ponto percentual (p.p.) no ano e de 0,2 p.p em relação ao mês anterior, de acordo com dados do Banco Central. Contudo, os números não são alarmantes, já que acompanham o crescimento dos empréstimos, que atingem 47,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no sétimo mês do ano, com saldo de R$ 1,854 trilhões, segundo especialistas de instituições financeiras, associações e empresas de recuperação de crédito.
A carteira de aquisição de bens, que exclui automóveis, apresenta o maior índice, de 13,5%, em operações vencidas acima de 90 dias. Em seguida, aparece cheque especial, com 9%, crédito pessoal, 4,8%, e aquisição de bens, com a inclusão de veículos, de 4%.
Para o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, houve aumento do comprometimento da renda com dívidas. “Desde dezembro, o comprometimento subiu cerca de 2 p.p. como efeito da alta dos juros derivada das medidas macroprudenciais adotadas. No cálculo pela massa salarial disponível, que deduz o recolhimento de imposto de renda e contribuições previdenciárias, o comprometimento da renda estaria em 27,1%, também estável nos últimos três meses”.
Apesar da elevação no endividamento, completa Portugal, os índices de calote estão sob controle. “A preocupação com a inadimplência é saudável e deve ser permanente, porém parece estar havendo um certo exagero”.
A mesma análise de controle é compartilhada por Vicente de Paula Oliveira, diretor-executivo da Associação Nacional das Empresas de Recuperação de Crédito (Aserc), que utiliza como justifica os baixos índices de desemprego registrados em 2011, de 6%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “O que acontece é que a inadimplência segue o crédito concedido, que aumenta proporcionalmente ao emprego, que está em ascendência”.
Para Oliveira, o que falta para um controle do calote em pagamentos de empréstimo é uma educação financeira acentuada e conhecimento das taxas de juros.
De acordo com o Índice de Otimismo de agosto, da Aserc, 35% dos consumidores estão inadimplentes por descontrole ou dificuldade financeira e 16% por empréstimos em nomes de terceiros. “Isto demonstra o problema da falta de consumo consciente”, finaliza o executivo. O restante acumulou dívidas por desemprego, 30%, problemas de saúde, 7%, e com a família, 12%.
Outro fator que demonstra o controle da inadimplência e que vem junto com o aumento do emprego é o crescimento de cancelamentos de registros no SPC Brasil, de 4,41% em agosto, ou seja, de pessoas que regularizam seus débitos junto à entidade.
Em 2010, a Aserc estimou um volume de R$ 12 bilhões em créditos que voltaram para o sistema e para este ano a previsão é de aumento entre 7% e 8%. Segundo o diretor executivo da associação, Vicente de Paula Oliveira, há interesse no negócio por parte dos bancos, lojas e empresas de cobrança. “A remuneração das empresas de recuperação é feita na taxa de sucesso. Há interesse que o volume seja retornado”.
Entre as carteiras com maior retorno, acrescenta Oliveira, destacam-se financiamentos de automóveis e imobiliário. “Veículos é mais fácil por conta da alienação fiduciária. Isto também já acontece no imobiliário. Estas são carteiras nobres.”
Fonte: DCI – SP