As taxas de juros das operações de crédito voltaram a ser elevadas em julho de 2016, sendo esta a sétima elevação no ano e a vigésima segunda elevação consecutiva. Para o diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas, da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, essas elevações podem ser atribuídas ao cenário econômico que aumenta o risco do crescimento nos índices de inadimplência. “Esse cenário se baseia no fato dos índices de inflação mais elevados, aumento de impostos e juros maiores reduzirem a renda das famílias. Agregado a isto a recessão econômica, o que deve promover no crescimento dos índices de desemprego. Tudo isto somado, e o fato de que as expectativas para 2016 serem igualmente negativas, todos estes fatores levam as instituições financeiras a aumentarem suas taxas de juros para compensar prováveis perdas com a elevação da inadimplência”.
Já pensando nos próximos meses, o diretor aponta que tendo em vista o cenário econômico atual, que aumenta o risco de elevação dos índices de inadimplência, a tendência é de que as taxas de juros das operações de crédito voltem a ser elevadas. “Entretanto sempre existe a expectativa de que o Banco Central possa vir a reduzir a taxa básica de juros (Selic) nos próximos meses, e este fato pode igualmente contribuir para a redução das taxas de juros das operações de crédito”, diz.
Pessoa Física
Das seis linhas de crédito pesquisadas, uma manteve sua taxa de juros no mês (cartão de crédito rotativo), duas tiveram reduções (juros do comércio e empréstimo pessoal – bancos) e três tiveram suas taxas de juros elevadas no mês (cheque especial, CDC-bancos – financiamento de automóveis e empréstimo pessoal – financeiras).
A taxa de juros média geral para pessoa física apresentou uma elevação de 0,03 ponto percentual no mês (3,85 pontos percentuais no ano) correspondente a uma elevação de 0,37% no mês (2,56% em doze meses) passando a mesma de 8,06% ao mês (150,50% ao ano) em junho de 2016 para 8,09% ao mês (154,35% ao ano) em julho de 2016, sendo esta a maior taxa de juros desde setembro de 2003.
Pessoa Jurídica
Das três linhas de crédito pesquisadas, todas foram elevadas no mês. A taxa de juros média geral para pessoa jurídica apresentou uma elevação de 0,09 ponto percentual no mês (1,78 ponto percentual em doze meses). Correspondente a uma elevação de 1,94% no mês (2,47% em doze meses), passando essa de 4,63% ao mês (72,14% ao ano) em junho de 2016, para 4,72% ao mês (73,92% ao ano) em julho de 2016. Sendo esta a maior taxa de juros desde agosto de 2003.
Taxa de juros x Selic
Considerando todas as elevações da taxa básica de juros (Selic) promovidas pelo Banco Central desde março de 2013, tivemos neste período (março de 2013 a julho de 2016) uma elevação da Selic de 7 pontos percentuais (elevação de 96,55%) de 7,25% ao ano em março de 2013 para 14,25% ao ano em julho de 2016. Nesse período, a taxa de juros média para pessoa física apresentou uma elevação de 66,38 pontos percentuais (elevação de 75,46%) de 87,97% ao ano em março de 2013 para 154,35% ao ano em julho de 2016.
Nas operações de crédito para pessoa jurídica houve uma elevação de 30,34 pontos percentuais (elevação de 69,62%) de 43,58% ao ano em março de 2013 para 73,92% ao ano em julho de 2016.