No marketing digital contemporâneo, não podemos basear nossas decisões em suposições ou esperar dias e semanas para reagir
Autor: Ricardo R. Junior
A era digital transformou profundamente o comportamento do consumidor, redefinindo as jornadas tradicionais de compra e interação com as marcas. Se antes podíamos prever e desenhar caminhos lineares com etapas claramente definidas, hoje a realidade é outra: vivemos uma era onde a jornada é dinâmica, complexa e imprevisível.
Para ela funcionar, no entanto, é necessário que os profissionais de marketing tomem decisões bem embasadas. Imagine afirmar algo sem dados concretos? Por exemplo, afirmar que a Terra é redonda parece óbvio para muitos, mas se algumas pessoas insistem, de forma organizada e persuasiva, que ela é plana, elas podem gerar dúvidas e desconforto, especialmente se suas ideias forem melhor apresentadas e propagadas.
Essa analogia serve para mostrar como, no marketing digital contemporâneo, não podemos basear nossas decisões em suposições ou esperar dias e semanas para reagir. Precisamos de dados e interações constantes para entender o comportamento real do usuário e agir imediatamente.
As empresas ainda presas ao conceito tradicional de funil linear correm o risco de perder relevância rapidamente. O consumidor atual transita livremente entre diversos canais e pontos de contato, exigindo uma resposta em tempo real que só é possível com o uso inteligente e integrado de inovação, dados, UX e experiência do cliente.
A inovação não é mais opcional, tornou-se essencial. Tecnologias emergentes como inteligência artificial, machine learning e automação são fundamentais para entender, antecipar e reagir às mudanças de comportamento do consumidor. A inovação permite às empresas experimentarem continuamente, adaptando-se rapidamente às necessidades do mercado.
O conceito de “micro momentos“, apresentado pelo Google, é um exemplo claro dessa mudança. As interações fragmentadas e rápidas exigem respostas imediatas e altamente personalizadas, transformando radicalmente a forma como as marcas devem pensar suas estratégias digitais. Da mesma forma, o modelo “Flywheel” proposto pela HubSpot reforça essa ideia, na qual o consumidor satisfeito gera novas oportunidades continuamente, substituindo o antigo funil linear.
Dados desempenham um papel central nessa nova dinâmica. Não basta apenas coletá-los, é essencial interpretá-los em tempo real e integrá-los à estratégia. Dados próprios (first-party data) combinados com insights de comportamento ajudam as marcas a personalizar suas ofertas e experiências de maneira imediata e significativa. Segundo a Gartner (2023), empresas que implementam estratégias integradas de personalização e experiência digital aumentam as taxas de conversão em até 20% e reduzem o churn em cerca de 30% (Fonte: Gartner, CMO Survey 2023).
Nesse contexto, UX e experiência do cliente ganham ainda mais protagonismo. Uma interface intuitiva, que antecipa necessidades e facilita interações, pode determinar o sucesso ou fracasso de uma marca. UX não é mais apenas uma etapa do desenvolvimento, mas parte central da estratégia digital integrada, evoluindo constantemente com base em feedbacks e análises em tempo real.
Grandes empresas como Amazon e Spotify ilustram bem essa integração. A Amazon utiliza IA e UX para gerar até 35% das vendas por meio de recomendações altamente personalizadas. Já o Spotify utiliza inteligência artificial e análise em tempo real para impulsionar seu crescimento exponencial, superando 600 milhões de usuários ativos em 2024 (Spotify Investor Relations, 2024).
A integração em tempo real dessas frentes — inovação tecnológica, uso inteligente de dados e design centrado no usuário — permite uma experiência fluida, personalizada e envolvente. Empresas que conseguem realizar essa integração destacam-se ao criar conexões emocionais genuínas com seus consumidores, fidelizando e convertendo mais.
Portanto, esquecer a linearidade e abraçar uma abordagem dinâmica, orientada por dados, inovação e experiência é o caminho para empresas que desejam liderar e prosperar na complexidade digital contemporânea.
Ricardo R. Junior é CRO & CIO na Aunica.