Beatriz Kawakami, diretora de vendas da WeWork Brasil

O Workplace as a Service é o futuro do mercado imobiliário corporativo

O WaaS não é apenas uma nova forma de adquirir espaço de trabalho, mas uma mudança de paradigma

Autora: Beatriz Kawakami

Imagine por um instante que o seu espaço de trabalho não fosse mais uma âncora, mas uma alavanca. Que a rigidez dos contratos de locação e a imobilidade dos edifícios dessem lugar a uma agilidade sem precedentes, capaz de acompanhar o ritmo frenético dos negócios de hoje. Por décadas, o mercado imobiliário corporativo operou sob um mantra de estabilidade e previsibilidade. Mas, e se eu disser que essa era chegou ao fim? Assim como a nuvem redefiniu a infraestrutura de TI e o streaming transformou o consumo de mídia, uma revolução silenciosa está reescrevendo as regras do jogo para o espaço de trabalho: o Workplace as a Service (WaaS). Para a próxima década, ele não é apenas uma opção; é a única resposta para um mundo em constante mutação.

Por muito tempo, a infraestrutura de escritório foi vista como um custo fixo, uma necessidade estática. As empresas se comprometiam com grandes espaços por anos a fio, muitas vezes subutilizados ou inadequados às suas necessidades em constante mudança. A disrupção global recente apenas expôs a fragilidade desse modelo. De repente, empresas se viram presas a contratos onerosos enquanto seus colaboradores trabalhavam de formas diversas. O “novo normal” não era apenas sobre trabalho remoto, mas sobre a necessidade de um modelo que pudesse se adaptar a qualquer cenário futuro.

É aqui que o Workplace as a Service entra em cena, não como uma alternativa, mas como a resposta fundamental para os desafios do real estate corporativo moderno. Imagine um cenário onde o seu espaço de trabalho não é um ativo fixo, mas um serviço dinâmico, que se ajusta à sua demanda, à sua cultura e aos seus objetivos estratégicos. Essa é a essência do WaaS.

A flexibilidade, nesse contexto, transcende a mera capacidade de aumentar ou diminuir o espaço. Ela se manifesta na liberdade de escolher a localização ideal para uma equipe específica, de oferecer diferentes ambientes para diferentes tipos de trabalho – desde salas de reunião de alta tecnologia até espaços de colaboração informais ou cabines de foco individual. É a capacidade de escalar para cima em um projeto de crescimento rápido e, igualmente importante, de escalar para baixo em momentos de reestruturação, sem o peso de um contrato de locação de longo prazo. Essa agilidade é um diferencial competitivo inigualável em um mercado que exige respostas rápidas e adaptabilidade constante.

Mas o WaaS vai muito além da flexibilidade física. Ele é impulsionado por insights baseados em dados, algo que o modelo tradicional simplesmente não consegue oferecer. Pense na quantidade de informações que podem ser coletadas sobre o uso do espaço: quais áreas são mais utilizadas, em que horários, por quais equipes. Esses dados, quando analisados, permitem que as empresas otimizem seus escritórios, identifiquem padrões de trabalho e tomem decisões informadas sobre como e onde seus colaboradores são mais produtivos. Não se trata de monitoramento invasivo, mas de inteligência estratégica para criar ambientes que realmente funcionem. Essa capacidade de aprender e adaptar-se continuamente é um divisor de águas.

E o que torna o WaaS verdadeiramente revolucionário é a sua abordagem holística. Não estamos falando apenas de quatro paredes e uma mesa. Estamos falando de um ecossistema completo que pode incluir infraestrutura de TI de ponta, serviços de recepção e suporte, limpeza, segurança, e o mais importante, uma comunidade vibrante, além de um desenho espacial que estimula as trocas entre os colaboradores. Em um ambiente WaaS, as empresas não precisam se preocupar com a gestão operacional do espaço; elas podem focar no que fazem de melhor: seu core business. O provedor de WaaS, por sua vez, assume a responsabilidade de oferecer não apenas um espaço, mas uma experiência completa, onde a conveniência e a produtividade são prioridades.

O modelo tradicional de mercado imobiliário para escritórios, com seus ciclos longos e sua inflexibilidade inerente, simplesmente não consegue competir com essa proposta de valor. Ele foi construído para um mundo diferente, um mundo onde a estabilidade era a norma e a mudança, a exceção. Hoje, a mudança é a norma.

Para a próxima década, as empresas que abraçarem o Workplace as a Service serão as que estarão mais bem posicionadas para prosperar. Ao substituir estruturas fixas por espaços flexíveis e sob demanda, elas ganham liberdade para experimentar novos formatos de trabalho, crescer ou reduzir operações com agilidade e adaptar o ambiente físico às mudanças do negócio. Sem o peso de investimentos rígidos em infraestrutura, tornam-se mais leves, mais responsivas — e muito mais estratégicas.

Essa flexibilidade permite otimizar custos de forma contínua, realocar recursos com base em dados e testar soluções com rapidez, reduzindo riscos e acelerando a inovação. Mais do que oferecer um lugar para trabalhar, essas empresas criam experiências alinhadas à cultura, ao propósito e à performance. O espaço deixa de ser um passivo — e passa a ser uma vantagem competitiva.

O WaaS não é apenas uma nova forma de adquirir espaço de trabalho; é uma mudança de paradigma. É a compreensão de que o espaço de trabalho deve ser um facilitador estratégico, não um entrave. É a promessa de um futuro em que o ambiente de trabalho corporativo seja tão dinâmico e responsivo quanto o próprio mercado. E, ao final, o futuro do trabalho não está em um edifício estático, mas em um serviço flexível, inteligente e centrado no ser humano. E esse futuro já chegou.

Beatriz Kawakami é diretora de vendas da WeWork Brasil.

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