Otimismo do latino-americano em queda

A região da América Latina vive um cenário complicado atualmente: a projeção de crescimento para este ano é menor do que no ano anterior (2,5% vs 2,7% em 2013), o que reflete uma queda significativa no otimismo para os latinos, tanto na situação do país como na área pessoal. É o que mostra o estudo Consumer Watch 2014: Termômetro do Consumidor, realizado pela consultoria Kantar Worldpanel. A pesquisa foi feita com mais de 10.250 lares, nas principais cidades da América Latina, e apresenta um diagnóstico sobre as expectativas e tendências dos consumidores.  
 
Com relação à situação dos países, houve uma queda em média de 11 pontos percentuais na região em comparação ao ano passado. Dos latino-americanos, 47% estão otimistas com relação a situação do país em 2014, mesmo índice observado em 2008, ano de pré-crise. No ano de 2013 este número era de 58%. Os países que registraram maiores quedas foram: Argentina (-28pts), México (-22pts) e Brasil (-13pts). Em contrapartida, há consumidores que demonstraram maior otimismo em relação a seus países, tal como o Chile, que teve um aumento de 11 pontos. “Observamos que em todos os níveis sociais do Chile se mantiveram mais otimistas sobre a situação do país e pessoal, em comparação com os demais países da América Latina”, salienta Sonia Bueno, CEO da Kantar Worldpanel América Latina. 
Isso impacta também o nível de confiança dos latinos, que confiam mais nas pessoas que estão mais próximas a eles. No Brasil, a família é campeã, com 85% de confiança, os amigos vêm em seguida com 35%, logo após as instituições religiosas com 34%, 21% a igreja católica e 18% os meios de comunicação. Quando questionados sobre suas principais preocupações, foi possível identificar que 64% dos brasileiros estão preocupados com a insegurança e violência do país, seguido de saúde com 49% e 42% com aumento dos preços e a inflação. Um ponto que chamou a atenção é que o latino-americano está mais aflito com a crise mundial do que com o aquecimento global. Este ficou na 5º colocação na região, sendo ultrapassado pela crise, que ficou em 4º lugar na região. 
O levantamento mostra também que todas as classes sociais brasileiras sofreram com alguma situação que afeta o bolso nos últimos 3 meses. Cerca de 68% sentiram aumento nos preços, 36% observaram a diminuição de entrada de dinheiro no domicilio, 29% tiveram que fazer corte de gastos com diversão e 28% têm alguém que perdeu o emprego na família, sendo a classe C a mais prejudicada. Mais lares também estão com algum tipo de dívida a pagar. O estudo aponta que atualmente 58% dos brasileiros estão endividados, sendo que a compra de eletrodomésticos é responsável por 25% das dívidas, compra de veículos fica em segundo lugar, com 14%, a educação tem uma parcela de 13% e 9% da dívida se dá com a compra de alimentos e bebidas. 
 
Em toda América Latina, o país que registrou maior índice de endividamento foi a Argentina, com um aumento de 19 pontos, chegando a 57% em 2013. As principais razões das dívidas no país também são com a compra de eletrodomésticos (29%) e com a compra de alimentos e bebidas (18%). Apesar de endividados, os brasileiros se preocupam com o seu futuro e moradia, 29% pretendem economizar para ter uma reserva no futuro, porém, entre eles, 9 % planejam criar alguma dívida com diversão/viagem.  
 
“Estamos enfrentando um cenário econômico mais complicado na região, o que impacta diretamente o bolso e o ânimo dos nossos consumidores. Os consumidores agora visam o curto prazo e as coisas mais próximas a eles, tanto com suas preocupações como com temas que lhes dão confiança. Os níveis sociais mais baixos são os mais impactados e precisam fazer cortes para entrar tudo no orçamento. É agora que precisamos estar mais próximos deles, já que desta maneira podemos detectar as mudanças que precisam fazer para poder enfrentar este panorama”, explica Sonia.

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