Sem conexão, a TV 3.0 vai entregar mais qualidade de imagem e som, mas não os outros atributos tão esperados pelo mercado publicitário
Autor: Edu Sani
A promessa do governo brasileiro é que as primeiras transmissões da TV 3.0 aconteçam no próximo semestre, antes da Copa do Mundo de Futebol Masculina, sendo o Brasil o primeiro país da América do Sul a ter a tecnologia. A exemplo do que houve no processo de transição da TV analógica para digital, as maiores capitais devem ser as primeiras a fazerem a mudança, e a implementação no país todo pode levar até 15 anos.
O consumidor brasileiro tem, sim, uma boa adesão a novas tecnologias, mas nem sempre depende só desse comportamento. Essas novidades podem envolver altos custos e isso pode ser um obstáculo para ter acesso à melhor versão da TV 3.0.
De acordo com a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2017, 10 anos depois de a TV digital começar a ser implementada no Brasil, 15,33% dos domicílios brasileiros ainda não tinham conversor para receber o sinal de TV aberta. Em 2021, 2 anos antes do desligamento total da TV analógica, eram 7,35% dos lares sem receptor de sinal digital. Isso é um indício de que a transição plana da TV 3.0 pode ser um longo caminho pela frente.
Além disso, para aproveitar plenamente todos os benefícios da DTV+, como a hipersegmentação do público, inserção dinâmica dos anúncios, métricas sofisticadas e interatividade com consumidores, é preciso que haja integração com a internet. Sem conexão, a TV 3.0 vai entregar mais qualidade de imagem e som, mas não os outros atributos tão esperados pelo mercado publicitário. A Mídia Programática só poderá alcançar esse inventário quando houver acesso à internet.
Dados da Pnad de 2024 mostram que 93,6% dos 74,9 milhões de domicílios brasileiros têm acesso à internet, ou seja, ainda há mais de 5 milhões de lares sem. Tanto na área rural como na urbana, os principais motivos para não ter internet em casa são os moradores não saberem usar e o alto custo do serviço.
O acesso pleno aos benefícios da TV 3.0 em todo o Brasil ainda pode estar mais distante do que o mercado publicitário gostaria, mas, assim como hoje já acontece com a CTV, mesmo que o alcance seja a um público mais restrito, as vantagens de integrar TV e internet são imensas e valem a espera.
Edu Sani é CEO da Adsplay.





















