A Deloitte lançou o reporte “Global Resilience Report – A construção de uma organização resiliente”, em que entrevistou 2.260 executivos C-Level de 21 países, para entender como as organizações estavam lidando com os desafios que enfrentaram no ano passado e também o que tornou as organizações mais ou menos capazes de realizar transformações em meio ao cenário disruptivo. No Brasil, foram consultados 133 executivos de seis diferentes setores da economia. Tanto no Brasil quanto em todo o mundo, os executivos de alto escalão acreditam que as disrupturas causadas pela pandemia vieram para ficar. O período de transformação continua e as organizações resilientes, ou seja, aquelas com mentalidade e cultura flexíveis, adaptáveis, colaborativas e inovadoras, se sairão melhor frente às mudanças permanentes, pois apresentam desempenho superior em tempos de incertezas.
O estudo também indica que os executivos brasileiros se sentem mais preparados e confiantes do que a média global: 56% dos entrevistados locais disseram que se sentem prontos para liderar suas organizações diante de qualquer incerteza ou interrupção que possa surgir e 49% consideram que suas empresas conseguiriam se adaptar rapidamente em resposta aos atuais eventos adversos. Já a amostra global apresenta que: 66% dos CXOs globais ainda não se sentem completamente prontos para liderar nesse novo cenário e 70% disseram que não têm total confiança nas habilidades de suas organizações para se adaptar a eventos adversos.
“O fato de nossos executivos se enxergarem como mais preparados e confiantes do que a média global reflete, de modo geral, um senso de adaptação mais rápida dos brasileiros às situações de crise”, analisa Anselmo Bonservizzi, líder da Deloitte para Riscos Empresariais e ESG. Ele alerta porém, que “é importante que estejamos atentos à dimensão e profundidade das transformações dos desafios atuais, que vão exigir ainda muita capacidade de resiliência das organizações no Brasil”.
O estudo identificou cinco atributos das organizações resilientes que permitem e promovem estratégias ágeis, culturas adaptativas e a implementação e uso eficaz de tecnologia avançada. As empresas que podem se recuperar de desafios inesperados normalmente são: preparadas, adaptáveis, colaborativas, confiantes e responsáveis (detalhes a seguir).
“As empresas sempre enfrentaram disrupturas, mas os desafios dos últimos doze meses foram excepcionais. A confluência de uma pandemia de saúde global, instabilidades nos campos social e político e piora dos eventos climáticos trouxe às organizações escolhas difíceis, novas formas de operar e mudanças estratégicas fundamentais”, disse Punit Renjen, CEO Global da Deloitte.
Preparadas: Entre os executivos do Brasil, há uma parcela mais alta (65% Brasil, ante 54% global) dos que afirmam terem se saído bem ou muito bem no equilíbrio das prioridades de curto e longo prazo.
Adaptáveis: Aqueles que cultivaram uma cultura resiliente tendem a apoiar forças de trabalho flexíveis muito mais do que os que não investiram em culturas resilientes; mais ainda no Brasil do que na média global geral.
Colaborativas: Mais organizações brasileiras (90%, ante 79% do global) já implementavam tecnologias de trabalho remoto antes de 2020, o que talvez tenha levado mais dessas organizações a se adaptar mais rapidamente às transformações.
Confiantes: Os executivos do Brasil seguem a tendência global na maioria das métricas de confiança física e emocional, mas apresentam desempenho superior em manter o moral dos funcionários (73% x 63% global) e fornecer apoio pela manutenção da saúde mental (70%, ante 59% global); os brasileiros também tendem a subir nas métricas de confiança digital, ou seja, uma parcela maior de executivos locais indica que suas organizações fizeram a lição de casa na implementação de mecanismos de prevenção, remediação e detecção de ameaças no ambiente digital (72%x 69% global), bem como nas respostas tecnológicas aos eventos disruptivos (84%x 78% global).
Responsáveis: 85% dos executivos participantes do Brasil afirmaram que suas organizações fizeram bem ou muito bem ao criar culturas inclusivas e ágeis (76% de média global). A mudança climática foi um fator de destaque no estudo, tanto para o Brasil quanto para os executivos globais (48% x 47% dos apontamentos, respectivamente), mas as lacunas na educação e na desigualdade de renda também são importantes no Brasil; os executivos locais apresentam apontamentos acima da média global em esforços e atividades de sustentabilidade ambiental para corrigir o viés sistêmico.
Os resultados do “Global Resilience Report” indicam, tanto na amostra internacional de 21 países, quanto no recorte das respostas do Brasil, que os impactos da crise da Covid-19 nos negócios vêm trazendo profundos aprendizados e tendem a deixar legados fundamentais para os próximos anos, em diversos campos. “As disrupturas causadas pela pandemia da Covid-19 vieram mesmo para ficar. As conclusões deste relatório global confirmam a visão da pesquisa que a Deloitte realizou no Brasil, ao final de 2020, com 663 empresas que atuam no País: ‘A Agenda 2021’, ao sinalizar que o processo de recuperação vai se manter na agenda das organizações ao longo deste ano recém-iniciado, o que significa que elas precisarão continuar se transformando”, acrescenta Bonservizzi.