A gestão de benefícios surge como uma ferramenta que pode atender simultaneamente às necessidades das pessoas e aos objetivos da organização
Autor: Guilherme Carl
A inflação acumulada no Brasil nos últimos 12 meses, segundo o IPCA de maio de 2025, foi de 5,32%. O índice já ultrapassa o teto da meta estabelecida pelo Banco Central e reflete, em parte, a pressão contínua de itens essenciais — como alimentação fora do domicílio, compras de mercado, transporte público e saúde — no orçamento dos brasileiros. Em paralelo, o valor médio de uma refeição completa ultrapassa R$ 50 em algumas capitais, conforme levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT), o que torna o tema do custo de vida uma preocupação permanente para trabalhadores e empresas.
Nesse contexto, cresce a relevância dos benefícios corporativos como parte do pacote total de remuneração. Historicamente vistos como complementares, esses recursos vêm ganhando um novo significado: o de contribuir diretamente para o bem-estar dos colaboradores — e, cada vez mais, de seus dependentes.
Apoio que ultrapassa os muros da empresa
Empresas têm buscado caminhos para oferecer apoio que vá além do colaborador direto, estendendo benefícios a familiares, como filhos e cônjuges. É o caso de programas que incluem acesso a serviços de saúde, apoio psicológico, bolsas de estudo ou até mesmo o uso ampliado de valores para cobrir despesas compartilhadas do dia a dia. A lógica por trás dessa tendência é simples: o bem-estar individual está diretamente conectado ao contexto familiar.
Ainda que o debate sobre o papel das organizações diante de desafios econômicos mais amplos seja complexo, é fato que o ambiente corporativo vem sendo rediscutido em múltiplas frentes. De um lado, há a necessidade de reter talentos em um mercado de trabalho competitivo. De outro, cresce a expectativa — por parte de diferentes gerações — de que o local de trabalho esteja atento às transformações sociais, econômicas e culturais em curso.
Benefícios como ponto de equilíbrio
Nesse equilíbrio entre estratégia e empatia, a gestão de benefícios aparece como uma ferramenta que pode atender simultaneamente às necessidades das pessoas e aos objetivos da organização. A customização, a flexibilidade e a possibilidade de cobrir diferentes dimensões da vida (física, emocional, financeira e familiar) ajudam a compor soluções mais alinhadas à realidade atual.
É importante lembrar que os benefícios não substituem políticas públicas nem resolvem os desafios estruturais da economia, mas cumprem um papel relevante ao mitigar impactos imediatos no cotidiano dos trabalhadores. Sua gestão cuidadosa — com base em dados, escuta ativa e revisões periódicas — pode ser um diferencial silencioso, mas poderoso, na construção de ambientes mais sustentáveis.
Diante de um cenário econômico ainda desafiador para muitas famílias, pensar os benefícios de forma estratégica e inclusiva pode ser um dos caminhos mais eficazes para apoiar quem mantém, todos os dias, as engrenagens das empresas em movimento.
Guilherme Carl é diretor executivo de vendas da Pluxee no Brasil.