A pandemia do novo coronavírus forçou empresas de todo o mundo a adotar modelos de trabalho remoto, para continuar operando durante as medidas de isolamento social necessárias para frear o avanço da doença. Essa mudança profunda e súbita nos comportamentos da sociedade terão um impacto nas relações de trabalho no mundo pós-pandemia. Para debater essas questões, a Cognizan preparou um estudo com as principais tendências do trabalho remoto. “Muitas empresas não estavam preparadas para operar remotamente, e a pandemia as forçou a adequar seus protocolos rapidamente. Mas não precisamos criar novas ferramentas de trabalho e, sim, aproveitar melhor o que já tínhamos”, comenta Eduardo Guerreiro, diretor de Negócios Digitais da Cognizant na América Latina. “Os aplicativos de videoconferência, por exemplo, já existiam antes, mas só passamos a usá-los de forma diária durante a pandemia.”
Segundo o estudo, o mercado caminha cada vez mais para uma “remotopia”: o lugar mais produtivo do planeta, mas sem localização exata, de onde é possível trabalhar, desde que haja uma conexão. Essa definição seria muito mais ampla do que simplesmente trabalhar em casa. “As pessoas poderão trabalhar em qualquer lugar: seja no sofá, em um café, um coworking ou até mesmo em uma ilha paradisíaca. E os impactos vão além: pessoas idosas poderão trabalhar em casa, se assim desejarem. Pessoas que cuidam de parentes que precisam de atenção contínua poderão permanecer no mercado de trabalho e manter sua renda. Esses são alguns dos efeitos da remotopia”, analisa Guerreiro.
Benefícios
O trabalho remoto traz vários benefícios, tanto para trabalhadores quanto para empregadores. Alguns benefícios incluem:
– Flexibilidade: sem a necessidade de se locomover diariamente para o escritório, as pessoas podem investir mais tempo com a família.
– Agilidade: com todos trabalhando on-line, reuniões e projetos podem ser articulados com mais facilidade.
– De qualquer lugar: com a remotopia, qualquer um poderá trabalhar em qualquer lugar, desde que haja internet. Isso significa que alguns sonhadores poderão viajar o mundo sem precisar esperar as próximas férias.
– Mais gente no mercado de trabalho: pessoas com doenças crônicas e/ou dificuldade de locomoção podem encontrar empregos com maior facilidade na modalidade de trabalho remoto.
– Mais economia: as empresas poderão economizar US$ 11 mil por funcionário, ao adotar protocolos de trabalho remoto. Por sua vez, os colaboradores devem economizar US$ 7 mil cada um em gastos com roupas e deslocamento.
– Atração e retenção de talentos: segundo o estudo, 80% dos colaboradores recusariam uma oferta de emprego que não incluísse a modalidade de trabalho remoto.
– Maior produtividade: colaboradores em regime de trabalho remoto são 13% mais produtivos que aqueles que trabalham em escritório, e também ficam menos doentes.
Vencendo a solidão
Apesar dos benefícios, o trabalho remoto tem um impacto forte em uma das principais necessidades do ser humano: a do contato próximo com outro ser humano. Mas é possível driblar essa dificuldade. “Uma ideia que o estudo traz é a criação de espaços intermediários, onde os colaboradores possam interagir com outras pessoas sem necessariamente precisar ir ao escritório todos os dias”, comenta Guerreiro. “Os coworkings e até mesmo os cafés fazem essa função muito bem.” É verdade também que os escritórios não vão desaparecer completamente. Mas a ideia de que devemos passar 40 horas por semana lá, sim. O importante é que os colaboradores tenham a flexibilidade de não precisar ir ao escritório todos os dias, mas que possam ir trabalhar lá, quando quiserem.
Embora a remotopia esteja cada vez mais próxima da realidade, muitos conglomerados ainda não investiram nos processos e nas ferramentas necessários para aplicá-los. “Precisamos entender que o trabalho remoto não é só uma solução a curto prazo e que voltaremos à normalidade depois da pandemia. O trabalho remoto é o futuro. E, no futuro, todos poderão trabalhar onde quer que estiverem”, conclui Guerreiro.