A chegada do século XXI e a consequente ascensão da geração Y propiciaram que uma nova mentalidade surgisse no mercado de trabalho. Cada vez mais, os colaboradores querem se sentir úteis dentro das companhias, mas para isso também exigem contrapartidas das organizações. A fim de medir o engajamento e as percepções da força de trabalho, a Aon realizou no decorrer de 2013 um estudo com a participação de sete milhões de funcionários, em mais de 6.000 empresas de 155 países. No Brasil, o levantamento aponta que 69% dos colaboradores encontram-se engajados, resultado estável em relação à pesquisa elaboradaem 2012, mas maior que a média mundial (61%).
O responsável pela área de consultoria em engajamento da Aon Brasil, Bruno Villela de Andrade, explica que o estudo é medido por meio de um conjunto de avaliações nas quais os participantes discorrem positivamente sobre suas organizações (Falar), como querem fazer parte dela (Permanecer) e desejam ir além de seu trabalho (Empenhar-se). De acordo como executivo, os índices desses comportamentos nos colaboradores brasileiros atingiram, respectivamente, 78%, 64% e 59%. “Apesar das empresas começarem a oferecer uma proposta de valor mais atraente e inovar em suas práticas de gestão, o estudo aponta uma estabilização do índice de engajamento dos brasileiros de um ano para o outro”, afirma.
Mesmo sem avançar o nível de engajamento em relação a 2012, o Brasil contribuiu para que as estatísticas da América Latina (70% de engajamento) não obtivessem uma queda ainda maior – o índice baixou 4%. Segundo Andrade, o destaque negativo ficou por conta do retrocesso de 11% enfrentado pela Argentina. “A crise econômica vivida pelos argentinos pode ter influenciado no resultado, mas, de maneira geral, quase todos os países da região analisados tiveram seus índices reduzidos, com exceção de Brasil e Chile”, argumenta.
Na avaliação do responsável pela área de consultoria em engajamento da Aon Brasil, os dados coletados pelo estudo mostram que a percepção dos funcionários em relação à liderança e a proposta de valor das empresas latino-americanas precisam ser aperfeiçoadas. Para Bruno Villela de Andrade, os gestores ainda passam por um momento de reinvenção, já que estão lidando com pautas que não estavam em suas agendas há dez anos. “Ainda passamos por gaps tecnológicos e pela síndrome de filial do mundo, mas estamos nos ajustando e a distância de uma multinacional para uma empresa local já não passa a ser tão grande. Alinhamento de práticas, ferramentas e expertises em âmbito global estão tornando as diferenças entre as nacionalidades menores”, esclarece.