Guilherme Plessmann Tiezzi
De um lado o mundo sócio-econômico de outro o mundo sócio-espiritual. No primeiro o lucro como fim e pessoas como meio: um sistema utilitarista com objetivos imediatistas, resultados numéricos de curto prazo. De outro as pessoas como fim, “objetivos” sonhadores, inspirações utópicas e a busca pela sustentabilidade.
Empresas da era industrial buscam entender o que é responsabilidade social. ONG’s buscam profissionalizar-se e entender o que é mercado e concorrência. Empresas querem virar organizações e organizações querem virar empresas!
Existe um modelo organizacional, um modelo de negócios e iniciativas, que garanta o bem estar global e o equilíbrio entre indivíduos, grupos e organizações? Que garanta qualidade de vida e valorização do indivíduo? Que equilibre tempo e dinheiro?
A fusão destes dois mundos pode ser considerada o grande desafio atual da humanidade. Gurus do management, líderes religiosos, governo e sociedade buscam o bem-estar e o equilíbrio global. A consciência começa a sobrepor a produção e a informação como diferencial competitivo e fator de sustentabilidade. Um novo modelo organizacional está surgindo, a empresa como um sistema vivo e consciente.
Uma empresa consciente possui um projeto maior, um senso de propósito em função do qual os resultados financeiros são um indispensável meio, mas não um fim em si. Uma empresa não consciente toma seus meios por fim, o que comumente degenera em inércia, resistência às mudanças, controle excessivo e rigidez.
A empresa consciente se oferece como canal para a expressão e desenvolvimento dos potenciais humanos. O comprometimento, o engajamento e a excelência no desempenho decorrem naturalmente da identificação das pessoas com seu trabalho, o que por sua vez decorre de existir espaço nas empresas para a expressão humana. A motivação vem de dentro para fora.
Já a empresa não consciente dispõe das pessoas, ignorando suas individualidades, e procura “motivá-las” de fora para dentro, o que mesmo com as melhores intenções, acaba sendo uma forma de manipulação.
Na era da consciência a empresa é entendida como ser vivo, com necessidade de conservação e diferenciação, passando por crises de mudança e correndo os mesmos riscos de morte que outras entidades físico-orgânicas (seres vivos). A diferença é que a empresa é considerada uma entidade abstrata que tem origem no mundo das idéias ou de um impulso quase sempre nobre de uma pessoa ou grupo de pessoas. Portanto não precisa necessariamente morrer, passando a ser uma entidade coletiva que, se entendida como ser vivo, consciente, pode, e deve aprender, se desenvolver e transcender no tempo.
Todas as mudanças sociais, entre elas as organizacionais, devem ser vistas como um processo de aprendizagem e desenvolvimento acelerado e contínuo. Se quisermos obter sucesso nos negócios em todos os sentidos, é no ser humano que devemos investir, porque ele é a origem de todo o processo de transformação, desde um simples operário ao presidente da empresa. Se obtivermos a excelência nas pessoas, a excelência empresarial será conseqüência.
Guilherme Plessmann Tiezzi é membro fundador da Value Builders, organização sem fins lucrativos com foco no desenvolvimento de negócios, disseminação da cultura e valores humanos. (e-mail: [email protected])