Autor: Carlos Cruz
Com a evolução dos processos de gestão empresarial, no final dos anos 90, começou-se a valorizar a figura do líder, em detrimento a do tradicional chefe. Hoje, essa característica não é mais tida como um diferencial, mas, sim, como algo necessário para o sucesso de um bom profissional nessa posição e a nova tendência em gestão é a prática do coaching.
Pensando nas práticas que envolvem essa filosofia de gestão, sem ficarmos preso à nomenclatura, podemos ilustrar o papel do coach lembrando os filósofos gregos. Aristóteles guiou Alexandre – O Grande, que aprendeu a buscar novas formas de enxergar a vida e estabeleceu mudanças de comportamento que o permitiram alcançar as glórias eternizadas pela História.
Nos Estados Unidos, batizou-se a pessoa que atua de forma semelhante a de Aristóteles como coach. Essa prática é considerada uma prática consolidada de gestão empresarial e não mais um modismo, como algumas pessoas ainda acreditam ser. Ano passado, acompanhei alguns estudos da revista americana Fortune, que revelaram investimentos somados em U$ 8 bilhões nas práticas de coaching durante 2007. Para quem acha isso um valor muito alto, vale ressaltar o retorno obtido pelas empresas: 529% em relação ao montante investido.
O grande diferencial de um profissional que tem o perfil de ser um coach é a sua capacidade de formular perguntas e estimular as pessoas a encontrarem as respostas por conta própria. Ao contrário dos antigos chefes paternalistas, que têm espaço reservado em empresas que ainda atuam dentro da cultura que valoriza fortemente a hierarquia e a verticalização do seu quadro de funcionários, o novo gestor é aquele que trabalha com base na liderança influente com foco em resultados, estabelece metas estratégicas em conjunto com a equipe, apóia o desenvolvimento contínuo dos seus liderados e fornece feedback constantemente.
O papel do coach é, principalmente, o de estimular as pessoas a obterem melhores resultados durante os processos que levam ao desenvolvimento de suas competências pessoais e profissionais. Por meio de dinâmicas de grupos, análises individuais e atividades especialmente planejadas é possível criar ambientes que permitem o auto-desenvolvimento, a auto-motivação, a auto-liderança, a criação de planos de ação e, dessa maneira, as possibilidades de crescimento.
Analisando, por exemplo, a questão do crescimento da expectativa de vida, surge uma grande interrogação: o que fazer com todo esse tempo para o qual ainda não havíamos nos programado? Digamos que você tenha se graduado, feito uma pós e terminado o seu MBA e tenha por volta de 32 anos. Será que deseja exercer a mesma função nos próximos 60 anos em que estará fortemente ativo? O coaching de vida, nesse caso, é uma ótima alternativa para que você aprenda a buscar novas formas de viver, sempre alinhado aos seus valores e as suas metas. O importante é realmente buscar o verdadeiro sentido de sua existência e fazer o possível para concretizar seus ideais.
Muitas pessoas ainda se perguntam se os benefícios trazidos por um coach ultrapassam a esfera do crescimento pessoal e a resposta para isso é simples: sim! Costumo dar o exemplo da elaboração de planos de ação. Quantas vezes você já se viu em meio a um projeto e percebeu que mesmo com a presença de um bom líder as tarefas não eram planejadas? Essa deficiência, muito comum nas empresas nacionais, pode ser trabalhada durante o processo de coaching.
Outros pontos importantes podem ser trabalhados, como questões comportamentais e processos de trabalho em equipe, como a elaboração de estratégias e definição de metas concretas. A inteligência emocional, que cada vez mais tem o papel de diferenciar os profissionais, é outro ponto muito interessante que costumo trabalhar nas empresas.
Para obter bons resultados através do coaching de equipe é importante fazer um mapeamento da situação em que a empresa se encontra. Isso irá permitir identificar os pontos fracos, fortes e, por contar com a participação direta dos membros que a compõe, torna-se possível que o grupo se conscientize do que está bom e daquilo que precisa ser melhorado. E como disse anteriormente, fazer com que os indivíduos percebam sua realidade e tomem a postura de promover mudanças por contra própria é o objetivo do coach.
Carlos Cruz atua como coach executivo e de equipes, conferencista em desenvolvimento humano e é diretor da UP Treinamentos & Consultoria.