Autor: Leda Machado
Alguns profissionais de Recursos Humanos acreditam que os anos nos quais a área era o Departamento Pessoal é algo do passado. “O RH agora é estratégico, é responsável pela gestão das pessoas” dizem.
Sim, a área não é mais chamada de departamento pessoal. Ela pode ser denominada Recursos Humanos, Gestão de Pessoas, Gestão Estratégica de Pessoas, ou Gestão dos Talentos.
Com certeza o nome mudou. Contudo, será que a mudança no nome representa uma mudança significativa no papel da área? Nas suas responsabilidades? Em como ela é percebida pela organização?
Acredito que não. Mudanças significativas aconteceram sim. A área já não é mais apenas responsável pela administração, por garantir que a legislação trabalhista seja cumprida. Hoje não vemos mais trabalhadores em condições sub-humanas de trabalho, mutilados pela falta de segurança, como no início da Revolução Industrial.
A área atualmente pode ser constituída por Atração e Seleção de Talentos, Desenvolvimento de Pessoas, Remuneração, Desenvolvimento Organizacional, Comunicação e até Sustentabilidade. O desenho organizacional varia.
Todavia, mesmo com mudanças significativas, não podemos afirmar que todas as empresas têm uma área de RH Estratégica. São poucas as empresas brasileiras que têm sim um RH estratégico.
O que seria um RH Estratégico? Já não basta mais entender do negócio, do produto, dos desafios, das possibilidades, do mercado (local, regional ou global).
O RH Estratégico deve ser capaz de entender como as mudanças sociais afetam e afetarão o mundo do trabalho. Deveria ser inovador. Pensar fora da caixa. Propor soluções que entendessem as necessidades do mundo atual.
Como ser assim se o RH tende a ser a área menos preparada das empresas? Finanças, Marketing, entre outras, têm profissionais muito bem qualificados (muitos com MBA’s, inclusive internacionais), com exposição internacional, com domínio de idiomas, com visão de rede.
Um exemplo. Encontrar em RH alguém que tenha inglês fluente. Não é fácil. Uma ocasião um funcionário comentou que não precisa aprender a língua, já que a empresa apesar de ser americana, estava no Brasil. Alguns podem argumentar que aprender um idioma é caro. Ok, é caro sim. Como os profissionais de outras áreas conseguem? Como mencionei acima apenas um exemplo.
O RH está se perguntando e tentando obter resposta para a questão do engajamento? O significado do trabalho para a geração Y e agora Avatar é diferente.
A obtenção de conhecimento das novas gerações também não se dá como se deu para a geração pós-guerra e geração X. Como o RH está tratando a questão da educação executiva? Com os mesmos programas de sala de aula. Até como se lê mudou.
Como preparar a liderança? Como garantir a efemeridade do negócio?
Essas são algumas das questões que o RH não têm como centrais ao seu papel.
Desta maneira, poucas empresas podem dizer que têm um RH Estratégico.
Um posicionamento frequente é que essas questões não são do RH. Eu acho que são sim.
O que você acha? Para responder, pense fora da caixa.
Leda Machado é diretora presidente da LMachado Desenvolvimento Organizacional e Profissional.