Outsourcing e sustentabilidade



Autor: Roni de Oliveira Franco

 

Podemos traduzir a terceirização, resumidamente, como um instrumento de sobrevivência das empresas. A abertura de mercado e as pressões sobre custos forçaram as corporações a pensar mais em competitividade. Foi quando os olhares gestores se voltaram para as despesas com funcionários de áreas que não eram a especialidade da empresa.


Pensando em redução de custos, os administradores chegaram à conclusão de que teriam mais tempo para se dedicar às atividades centrais terceirizando as atividades secundárias, como limpeza, segurança, TI e alguns setores administrativos, incluindo contabilidade, folha de pagamento, tributário, entre outros.


O aumento do outsourcing (terceirização) no mundo é um fato e, estudos mostram que essa modalidade é responsável por mudanças que elevaram o faturamento de grandes corporações. Na Europa, pesquisas revelam que mais de 50% das corporações, que já terceirizam algum setor, querem estender o outsourcing para outras áreas internas e focar, exclusivamente, nas atividades centrais, no core business, ou seja, onde a empresa detém expertise.


Estudo recente feito pelo Centro Nacional de Modernização (Cenam), coordenado por Lívio Giosa, mostrou que, entre um universo de mais de duas mil empresas pesquisadas, 86% terceirizam ou já terceirizaram algum tipo de serviço, e que 96% entendem que a terceirização é uma tendência mundial. Alguns executivos defendem a tese de terceirizar tudo aquilo que for possível; tudo aquilo pelo que não compensa competir por não ser a área de expertise da empresa. Por outro lado, ainda há resistência. Ainda existem aqueles que insistem em tentar executar, com recursos próprios (materiais e humanos), tarefas internas que acabam, lá na frente, emperrando o negócio.


A necessidade de mudanças, pensando na sobrevivência, vem sendo um ponto importante na estratégia das empresas que optam pelo outsourcing de setores fundamentais, como gestão de pessoas, controladoria, contabilidade geral, controle patrimonial, contabilidade fiscal, societários e financeiro. Porém, ainda existem questões que permeiam as tomadas de decisões dos gestores sobre a terceirização. São dúvidas, como: a escolha do parceiro; quais áreas terceirizar; como e quando fazer etc. Existem empresas especializadas nesse tipo de assessoramento para auxiliar o gestor a decidir pelo outsourcing. Mesmo assim, vale elencar aqui algumas observações importantes a serem feitas antes da escolha do que terceirizar.


As atividades que devem ser terceirizadas são aquelas que, essencialmente, possam reduzir as necessidades imediatas de capital. O gestor tem de ficar atento aos setores que exigem conhecimento alheio à especialidade da empresa; áreas que possam caracterizar capacidade ociosa; áreas também que possam utilizar menos recursos financeiros e administrativos e, no entanto, ter maior capacidade produtiva. Estas observações permitem ao gestor mais tranqüilidade sobre essas áreas e mais atenção no foco do negócio da empresa. As atividades a serem terceirizadas devem constituir na corporação um apoio estratégico para a atividade principal.


É possível enumerar algumas vantagens ao se tomar a decisão pelo outsourcing: facilidade de administração de pessoal; setores terceirizados eliminam encargos sociais e ações trabalhistas; permite ao gestor acesso a novos serviços e tecnologias; redução vantajosa de custos quando a terceirização de dá em grande escala; maior controle do budget por meio de custos planejados; entre outros. Isso, inevitavelmente, é uma forma de o gestor atingir metas de bons resultados e garantir a perenidade e sustentabilidade dos negócios. Por outro lado, ainda existem corporações menores que não querem nem ouvir falar em terceirização. Um dos motivos é a insegurança em relação ao sentimento de perda do controle da situação.


Entretanto, se a empresa buscar um parceiro de sua confiança, não terá motivos para hesitar em dar esse passo estratégico. O outsourcing é como a globalização, veio para ficar e não tem como evitar.


Roni de Oliveira Franco é especialista em gestão de outsourcing e sócio-diretor da Trevisan Outsourcing.

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