Pensando grande. Ou gigante?



No final da última semana, a Telefónica concluiu a venda de sua empresa de call center, Atento, para o fundo norte-americano de investimentos Bain Capital por mais de 1 bilhão de euros (US$ 1,3 bilhão), incluindo 175 milhões de euros referentes às dívidas da Atento. A operação ocorreu no momento em que o grupo de telecomunicações espanhol tenta reduzir sua dívida, estimada em 57 bilhões de euros, enquanto a Espanha está cada vez mais afetada pela crise econômica. A Atento é uma das líderes do mercado de contact center no Brasil, e por esse motivo, sua venda ainda repercute no setor que espera pelos rumos que devem ou não ser traçados pela nova gestão. O Callcenter.inf.br ouviu com exclusividade especialistas e executivos que falaram a respeito das expectativas para esse novo investimento estrangeiro.



Para Onófrio Notarnicola Filho, consultor empresarial e professor da EAESP-FGV, a operação trará reflexos para companhias de diversos portes, que podem descobrir novas ofertas de serviços ou mercados. “No caso da Atento, temos uma situação bastante particular, já que ela foi uma das primeiras empresas de call center, em nível internacional a entrar no Brasil, e por questões de gestão financeira optaram pela sua venda, com reflexos e mudanças que poderão ser bastante interessantes para o seu público consumidor, o que vejo como projeções positivas.”



Por outro lado, o consultor e sócio da Vendas por Telefone, José Teófilo Neto, acredita que a transação não surtirá efeitos no mercado brasileiro nesse primeiro momento, uma vez que o foco do Bain Capital estará direcionado para os resultados financeiros que a Atento pode oferecer. “As companhias top 10 do setor já são todas de controle estrangeiro, não me surpreenderá que outras sejam vendidas mundialmente”, opina o especialista.



O negócio fechado no dia 12 de outubro inclui um acordo de garantia de prestação de serviços da Atento para a Telefónica. A companhia de call center deve continuar a atender o grupo por nove anos, atividade que corresponde a 50% da operação da empresa. Outros 9% correspondem ao BBVA, segundo maior banco da Espanha. Com a aquisição, o Bain Capital planeja expandir sua base de clientes para a América Latina. Mas é realmente necessário um investimento tão alto para obter essa ampliação?



De acordo com Onófrio, existem alguns fatores que podem ter motivado a aplicação, como as políticas de apoio intencional às recuperações de empresas, principalmente no setor de call center, conhecido como gerador de emprego em massa. Nesse caso, também existe a iniciativa do grupo investidor em tornar o negócio rentável em menos tempo. “Creio que valerá a pena investigar, pois na situação e projeções da economia americana a crise ainda existe e perdurará por mais algum tempo, pode ser que nesse momento o Bain Capital tenha bons benefícios, quem sabe, além dos brasileiros”, analisa.



Segundo estudos da empresa Frost & Sullivan, divulgados pela executiva Daniela Pineiro, não é a primeira vez que o Bain Capital investe no segmento de contact center. Em agosto, a companhia adquiriu a GenPact, empresa indiana de BPO, e investiu na Stream International, nos EUA. Outra aplicação do private equity ocorreu em novembro de 2009, quando comprou a companhia japonesa Bellsystem24. O levantamento aponta que o interesse na indústria de contact center apresenta o potencial do mercado e abre caminho para as melhorias de processos, abrindo possibilidades para o desenvolvimento de operações offshore na América Latina.



Para Deyse Macedo, supervisora de relacionamento da Sodexo, empresa cliente da Atento, a compra da empres a de call center pelo fundo norte-americano deve contribuir para que o setor de contact center perceba uma nova visão para se reinventar, além disso, a concorrência entre as corporações tende a aumentar, prevê. “As pequenas empresas, focadas em infraestrura e pessoas, vão precisar se fortalecer e conquistar profissionais qualificados para fazer a diferença. Por outro lado, as que têm posições de atendimento agregadas à tecnologia, como é o caso dos grandes call centers com BPO, devem inovar e investir para trazer qualidade ao atendimento”, explica.



No momento, o mercado brasileiro aguarda pelos posicionamentos do Bain Capital, empresa co-fundada pelo candidato à presidência dos EUA, Mitt Romney, para entender as intenções e efeitos da compra. “Acredito que a Atento foi vendida por uma estratégia do antigo controlador e foi comprada em função da sua carteira de clientes e da qualidade dos seus profissionais e dirigentes”, avalia o presidente do conselho da Associação Brasileira de Telesserviços e também presidente e fundador da Flex, Topázio Silveira Neto.





O que você acha que vai acontecer com a aquisição da Atento pela Bain? Responda à enquete e dê sua opinião no fórum da ClienteSA no LinkedIn.



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