Autora: Eliana Dutra
Que ser líder é uma posição desafiadora e solitária, isso ninguém tem dúvida. Agora some a isso a pressão do Conselho e acionistas por mais lucro, cumprimento de metas, gerenciamento de equipe e soluções rápidas e assertivas num espaço de tempo cada vez mais curto e imediato, já que a própria tecnologia exige isso dia após dia. O resultado é fatal, ou seja, um chefe extremamente sobrecarregado e cobrado. Assim, outro fator se apresenta como um agravante: o estresse gerado por este cenário, fazendo com que alguns utilizem isso como desculpa para um comportamento grosseiro com os seus pares e colaboradores.
Há ainda aqueles que acreditam que tratar mal as pessoas é a melhor alternativa para o sucesso pessoal, pois deixará claro quem está no controle e tornará a equipe mais forte quando uma crise surgir. Ledo engano! O que muitos líderes não se dão conta é que esse tipo de atitude prejudica a produtividade, já que importa custos para as pessoas e para a própria organização.
Esse tratamento grosseiro prejudica o desempenho de todos, incluindo habilidades de tomada de decisão, criatividade e vontade de “vestir a camisa” da empresa, além do sentimento de trabalhar em equipe. Enfim, vira um verdadeiro poço sem fundo, um efeito cascata que atinge a todos os níveis da companhia de forma verticalizada.
Trata-se de uma situação real e que acontece corriqueiramente, muito mais vezes do que imaginamos ou gostaríamos. Em muitas ocasiões, o líder nem ao menos percebe quando é rude, outras sabe que está sendo grosseiro e o o faz como uma estratégia de poder. Simplesmente acha que é uma pressão “normal” que faz parte da sua posição. Um comportamento natural do ser humano de se iludir e considerar que o problema é sempre externo, ou seja, do outro, mas nunca uma falha própria. Contudo, isso não pode ser desculpa, de forma alguma, para o tratamento que é assédio.
Para virar esse jogo é preciso que o CEO esteja aberto ao feedback e a uma reflexão constante do seu comportamento, já que uma boa liderança vai muito além de conhecimento e experiência. Entretanto, ele não conseguirá fazer isso sozinho. É preciso contar com uma rede de apoio composta de pessoas de confiança que possam lhe mostrar ou avisá-lo quando ele exagerar na dose. Mas, para que isso dê certo é preciso receber o feedback de bom grado e refletir sobre o que foi dito.
Muitos líderes consideram essa iniciativa complicada, já que temem a exposição. Nesse caso, então, ele pode contar com o auxílio de um Coach que será uma pessoa imparcial para escutar seus questionamentos e o ajudará a refletir sobre o tipo de pessoa que ele quer ser, os efeitos que causa nos outros e a encontrar soluções para a mudança de comportamento.
Enfim, é preciso praticar a humildade, se posicionar como um verdadeiro Gestor Coach, ouvindo contextualmente os colaboradores e dar-lhes crédito quando esses o merecer. Dessa forma, haverá mais sinergia entre ele e a equipe e, consequentemente aumento na produtividade. Adotar a postura de um líder civilizado como uma filosofia pessoal fará com que ele tome decisões melhores e lidere de forma mais estruturada e engajada. O principal objetivo e o mais inteligente é deixar de ser o foco do problema e ser a solução!
Eliana Dutra é CEO da ProFitCoach, Master CoachCertified pela ICF e coordenadora do Grupo Nikaia.