Autor: Leticia Bechara
Temos testemunhado o avanço da liderança feminina nas organizações. Nos últimos dez anos houve crescimento de 83% na massa de renda das mulheres brasileiras, conforme dados apresentados no estudo “Tempo de mulher”, do instituto de pesquisa Data Popular. Elas estão no mercado de trabalho, atuando, liderando; e no mercado de consumo, muitas vezes como arrimo de família.
Essa mudança significativa é um reflexo da oportunidade que as classes C e D tiveram de acesso à educação. As mulheres terminam o ensino médio e são mais assertivas ao fazer a escolha da graduação, decidem o que querem estudar, procuram as oportunidades, as faculdades que oferecem as melhores condições e investem na sua formação.
Observando o mercado de trabalho, entretanto, constata-se que muitas dessas escolhas estão voltadas à área de humanas. Ao analisar a formação atual das mulheres é pertinente considerar a escolha profissional dos jovens, já que os homens ainda são os responsáveis por levar a “maior fatia do bolo” na remuneração oferecida pelas organizações. E por que eles ainda ganham mais que as mulheres? Uma das hipóteses é que as áreas de atuação feminina, como o magistério ou a saúde (enfermagem e áreas de apoio), ainda são relegadas a um plano menor de remuneração.
Estudos apontam que a maioria das garotas “foge” da área de exatas e vão em busca de formação em humanas ou biológicas. Isso por si só já as coloca em desvantagem em relação aos rapazes quando se trata de carreiras mais bem remuneradas. São as áreas de exatas que em muitos casos, têm salários mais altos. Áreas relacionadas à tecnologia, engenharia, economia, contabilidade e administração.
A mulher escolhe a área de humanas muitas vezes compelida a atuar em profissões com maior flexibilidade de horários e uma carga de trabalho diferenciada. Dessa forma, consegue conciliar as responsabilidades com casa e família à atividade profissional.
Sendo assim, uma questão fica no ar: Quais são as características valorizadas pelas organizações na liderança feminina?
Segundo especialistas da área de recursos humanos, a característica mais relevante na liderança feminina, e a que difere da masculina, é a capacidade de ouvir. E isso mostra um aspecto fundamental da liderança: estar atento às pessoas.
Creio que a forma feminina de comunicação, a exposição das ideias de forma dinâmica e a interação com as pessoas, torna a mulher uma líder diferenciada. Além disso, ao liderar a família e as decisões cotidianas, ela se prepara para lidar em diferentes realidades e situações comuns no dia a dia das organizações.
Como podemos, então, ajudar e preparar melhor as jovens para assumir postos de liderança nas organizações? A discussão começa sobre o papel da mulher na família e na sociedade. Já parou para perguntar para uma adolescente quais são seus sonhos e anseios pessoais e profissionais?
O tema é muito significativo e deve ser trabalhado nas salas de aula, nas reuniões familiares e em todas as oportunidades que surjam de reuniões de pessoas. A mulher moderna se valoriza e se respeita cada vez mais, preocupada sim com a beleza, a saúde, com um corpo bem cuidado, cabelo e unhas impecáveis, mas sobretudo são conhecimento, ideias, experiência e dinâmica para organizar seus papéis de mãe, esposa, profissional e amiga que realmente contam. Pense nisso na próxima vez que conversar com uma.
Leticia Bechara é mestre em educação e coordenadora de relacionamento da Trevisan Escola de Negócios.