A inovação que vem das periferias

Uma nova geração de empreendedores de impacto social tem surgido nas periferias brasileiras e se firmado como potência de inovação, impacto e superação. Para apoiar e potencializar esse empreendedorismo transformador, a produtora A Banca, em parceria com a Artemisia e o Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getulio Vargas (FGVcenn), criou a Aceleradora de Negócios de Impacto da Periferia (ANIP), em 2018. Hoje (16), foi anunciado as 10 novas empresas selecionadas, fundadas em diferentes periferias da cidade de São Paulo: 50% dos empreendedores são da zona leste, 30% norte e 20% sul; e entre as selecionadas, 60% são lideradas por mulheres. Os negócios que vão compor a terceira turma da ANIP, que contou com a análise de 168 empresas, são Silvana Trucss, Enjoy Alimentação Orgânica, Jaubra, Cooperativa Recifavela, HOTD, Kitanda das Minas, LiteraRUA, Meninos da Billings, Atuarquitetura e Clinfy.
O programa de aceleração pelo qual os empreendedores vão passar prevê encontros temáticos presenciais, acompanhamento individual e mentoria pós-aceleração. Entre os temas a serem abordados durante o processo de aceleração estão: impacto social e modelos de negócios sustentáveis; competências empreendedoras; gestão financeira; marketing digital; questões jurídicas; inovação; estruturação e refinamento do negócio; e conteúdos adaptativos de acordo com a demanda de cada negócio selecionado. Ao final da aceleração, os empreendedores com participação ativa no processo poderão receber um capital-semente de até R$ 20 mil.
Para DJ Bola, presidente-fundador da produtora A Banca e um dos idealizadores da ANIP, uma nova geração de negócios de impacto social só será efetiva se a população das periferias brasileiras se tornar protagonista na criação de empresas que solucionem os problemas sociais e ambientais da quebrada – e não apenas atuando como cliente ou beneficiária. “Acreditamos que nas diversas periferias do país há empreendedores e empreendedoras com ideias e soluções com alto potencial de impacto social e ambiental. Esses empreendedores, com o suporte adequado, podem escalar e impactar positivamente milhares de pessoas”, salienta, acrescentando que essa crença motivou os organizadores a abrirem o processo para outras periferias de São Paulo.
O empreendedor social pontua que as primeiras edições do programa foram responsáveis pela aceleração de empresas Boutique de Krioula, Empreende Aí, Ecoativa, Jovens Hackers, Editora Selo Povo, Periferia em Movimento, Bora Lá, Nutrir-Si, Bio Afetiva e Gastronomia Periférica – todas empresas da periferia da zona sul de São Paulo que tiveram seus negócios potencializados. “Os empreendedores tiveram acesso a uma rede de pessoas incríveis, que proporcionaram a troca de conhecimento e o contato com outros empreendedores, gerando um grande aprendizado para todos envolvidos”, relata. A ANIP conta com o patrocínio da British Council, Fundação Via Varejo, Fundação Lemann, Fundo AZ Quest, Instituto Vedacit e Fundação Tide Setubal.
“Além de apoiar, queremos também incentivar o surgimento de novos negócios de impacto dentro das periferias, que hoje representam uma parcela pequena dentro do ecossistema de empreendedorismo de impacto. Trabalharemos para criar pontes entre empreendedores e acelerados provenientes de realidades distintas”, destaca Maure Pessanha, diretora-executiva da Artemisia. Edgard Barki, professor da FGV, reforça que é preciso mudar a lógica do mercado, colocando a periferia como protagonista no campo de negócios de impacto. “Essa é a nossa proposta com o programa, cujo foco é no apoio e fomento dos empreendedores de impacto social que vêm das periferias. Acreditamos que há muita riqueza, conhecimento e talento nas periferias que podem impactar a sociedade de forma inovadora e diferenciada”, avalia.

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