A saída para as operadoras



Por Laerte Chagas Sabino
 
As intervenções mais fortes feitas pela Anatel nas operadoras de telefonia celular a partir de 2012 trouxeram à tona a discussão sobre os elevados investimentos necessários em infraestrutura para que o serviço oferecido no Brasil atinja bons níveis de qualidade e, mais do que isso, esteja preparado para uma grande sobrecarga nas redes de transmissão nos próximos anos. Embora o número de aparelhos não apresente tendência de elevado crescimento (já que o Brasil tem hoje mais do que um telefone celular por habitante), as demandas por tráfego de dados trazidas pelas novas tecnologias e os períodos de pico que serão criados pelos grandes eventos que acontecerão no país resultam em um cenário preocupante para os próximos anos. E os quatro meses que faltam para a Copa das Confederações, onde já se espera a disponibilidade de serviços LTE (conhecidos também como 4G), faz soar os alertas.
 
Embora muito tenha se falado na instalação de mais antenas, rede e outros elementos de infraestrutura, pouca atenção tem sido dada ao que deve ser investido para uma melhor gestão destes ativos, o que realmente pode fazer a diferença para um melhor desempenho nos serviços. Essa discussão é relevante devido à realidade brasileira do setor de telecomunicações e às dificuldades logísticas e de investimento que as operadoras enfrentam para viabilizar a universalização dos serviços em paralelo com o suporte às novas tecnologias. 


Por mais que se planeje um aporte de quase R$ 400 bilhões para a implementação de equipamentos nos próximos dez anos, é evidente que as empresas enfrentarão uma série de barreiras legais nas diferentes esferas que dificultarão, e muito, esse planejamento. Quem perde é o consumidor, que dificilmente terá o nível de serviço desejado em um curto horizonte.
 
Para se preparar para isso, o melhor caminho para as operadoras é ampliar os investimentos em tecnologia e processos para melhorar a gestão da infraestrutura e dos serviços prestados. Se gerir bem a sua conta corrente é sempre importante, torna-se ainda mais crítico quando se está tão próximo do cheque especial. Hoje, o planejamento financeiro para a instalação de infraestrutura nem sempre contempla o investimento associado em gestão. Com o passivo gerado ao longo dos anos, estima-se que seria necessário investimento em gestão entre 10 a 20% do total gasto com a infraestrutura. Embora possa parecer muito, os resultados obtidos em ganhos de produtividade demonstram que vale a pena investir em gestão. A experiência mostra que um elemento de infraestrutura de telecomunicações, se bem gerido, pode ser apresentar redução superior a 20% nos custos de operação, além da clara melhoria na qualidade dos serviços.
 
 Mais do que potencializar o uso dos recursos, a tecnologia para o gerenciamento de ativos e redes de telecomunicações pode ser uma grande aliada para o planejamento de expansão, e também para que as operadoras possam saber com precisão os limites de sua rede. Isso é fundamental para que – em um mercado com crescente concorrência – a empresa possa planejar ações promocionais tendo a garantia de que sua infraestrutura irá suportar o aumento da demanda e o consumidor sairá ganhando com preços menores e serviços de alto nível. 
 
Laerte Chagas Sabino é diretor de Negócios da Ícaro Technologies

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