Os desejos de consumo dos adolescentes estão levando as famílias brasileiras ao endividamento, revela estudo da Kantar Worldpanel, empresa de pesquisas de consumo domiciliar. A pesquisa aponta que os lares com jovens entre 12 e 19 anos estão no vermelho e gastam em média 5% a mais do que conseguem ganhar a cada mês. Já as famílias que não têm jovens em sua composição conseguem poupar 5% da receita mensal.
O furo no orçamento vem de gastos que buscam atender aos desejos dos teens. Nos lares com jovens, as famílias gastam 43% a mais com vestuário do que nos domicílios sem adolescentes. “O jovem tem uma grande preocupação com sua aparência, pois isso conta muito para o seu sucesso nos relacionamentos sociais. Desta forma, o item vestuário se torna fundamental e encabeça a lista das preocupações desse perfil de consumidor”, explica Christine Pereira, diretora comercial da Kantar Worldpanel.
A vontade de falar com os amigos também pesa no orçamento. A conversa no telefone e o uso intensivo de Internet e outros meios de comunicação faz com que as famílias com adolescentes tenham dispêndios com este tipo de serviço 9% superiores aos dos demais domicílios do país. O consumo de alimentos e bebidas fora do lar também pesa no orçamento. As saídas com a galera resultam em gastos 10% superiores com estes itens nas famílias com teens em sua composição.
Além disso, os jovens gastam em média, por ano, R$ 308,00 com lazer. Deste total, 27% são utilizados para a compra ou aluguel de CDs, DVDs de filmes e de videogames. As idas ao cinema consomem 19% dos gastos, as baladas e shows ficam com 11%, parques temáticos com 8%, mesmo patamar do que é destinado aos artigos esportivos.
A pesquisa revelou também que os adolescentes das classes AB são os mais descontrolados com o orçamento, enquanto os jovens das classes C,D e E administram melhor os recursos que recebem da família ou de seus ganhos pessoais no mercado de trabalho. Os jovens da AB gastam 14% a mais do que ganham (mesada, salário ou outros rendimentos). Ao contrário, os teens de classe C economizam 32% do que ganham. Na baixa renda (DE) a economia é ainda maior e chega a 48% do dinheiro recebido.