O crescente êxito do empreendedorismo feminino na economia brasileira inspirou a Associação Comercial de São Paulo a operar uma verdadeira transformação no antigo Conselho da Mulher da entidade. Núcleo anteriormente centrado mais nas atividades de cunho social e que se transformou no CMEC – Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura. Em uma sequência de iniciativas que alcançam o Estado como um todo, os oito conselhos existentes pelo interior de São Paulo já se multiplicam em quase 130, devendo chegar ao número equivalente aos 420 centros representativos da entidade. Além disso, com a criação de um marketplace, pessoas associadas ou não têm acesso a cursos rápidos, gratuitos em sua maioria, e até à formação acadêmica, além de maior facilidade para se reintegrar ao mercado de trabalho afetado pela pandemia. Essa é uma parte do panorama transformador delineado, hoje (22), pela responsável por essa guinada, Ana Cláudia Badra Cotait, presidente do CMEC, ao longo da 249ª live da série de entrevistas dos portais ClienteSA e Callcenter.inf.br.
Convidada a expor sua trajetória como profissional à frente da visão do empreendedorismo feminino da CMEC, a executiva, contou que, após vivenciar uma carreira de funcionária pública por 34 anos, no Senado Federal, foi convidada a assumir o Conselho da Mulher na Associação Comercial de São Paulo. “Acredito que minha vivência no Senado me permitiu, com uma visão mais ampla, perceber que a instituição, até então demasiadamente focada em projetos exclusivamente de cunho social, poderia fazer mais pelas mulheres. E o caminho escolhido foi dedicar totalmente essa área ao empreendedorismo feminino, agregando a esse conceito, também, o da cultura. Porque, por esta remeter à maior sensibilidade do universo feminino, haveria uma sinergia nisso. Dessa forma, nasceu também o esforço de fomentar as iniciativas empreendedoras culturais.” Ela começou a visitar cidades do interior do país e percebeu o quanto as mulheres são criativas, se reinventam e gostam de empreender. E disso nasceu o conceito do Conselho, em parceria com as lideranças de grupos como o Virada Feminina, Mulheres que Decidem e outras redes grupos de mulheres já estruturadas e com mesmo espírito de unir forças em prol do estímulo às iniciativas femininas. “Quando você chega no local e fala sobre o empreendedorismo geral e, em específico na cultura”, disse, “os olhos das mulheres brilham e se sentem estimuladas. O que tem nos encaminhado a um sucesso que muito nos orgulha no Estado de São Paulo.”
Ao falar das resistências enfrentadas para avançar com o projeto, ela reconheceu que os homens da Associação viam com desconfiança em relação às chances de êxito. “Só não contavam com o grau de determinação em que me coloquei sempre. E é o que tenho disseminado junto às mulheres, a necessidade de saberem se colocar. É uma conquista de respeito e confiabilidade. Por isso, com força e determinação estamos conseguindo que a Facesp, Federação Comercial de São Paulo, hoje se envolve muito com essa luta pelo empreendedorismo feminino. Uma grande vitória.” Já falando da estruturação do projeto, a presidente disse que a chave é apoiar o fomento de negócios e a livre iniciativa. Houve a tentativa de formar vários segmentos dentro do Conselho para dar à mulher os três pilares cruciais para seu desenvolvimento e sucesso: capacitação, qualificação e crédito – por meio de uma sociedade direta de crédito na ACSP, aprovada pelo Banco Central. “E falo isso traduzindo um verdadeiro apoio de 360 graus. Temos tudo hoje para atender às necessidades da mulher empreendedora. A qualificação é fundamental porque sem isso não se chega a lugar algum. Criamos, principalmente, o portal Profis Online, uma plataforma de internet que oferece cursos rápidos para inserção não só na iniciativa privada, mas também, no mercado de trabalho. Posso resumir minha paixão de vida hoje como o estímulo ao empreendedorismo feminino.”
Quando assumiu o Conselho, contou Ana Claudia, a ACSP possuía, no interior do Estado, apenas oito conselhos ativos, isso dentro de uma rede de 420 associações comerciais afiliadas à Facesp. Então, há considerável capilaridade, com sedes tanto na cidade de São Paulo, com sedes em suas 15 distritais, quanto nesse aparato do Estado. “Graças ao nosso esforço para aproveitar esse potencial, em apenas sete meses, saltamos de oito para 128 conselhos locais. Após a pandemia vamos retomar, pois a meta é chegar a pelo menos 420 conselhos. E nesse período, nos reinventamos com tudo on-line para ajudar essas mulheres empreendedoras à distância. A economia no interior está caótica e é o momento de criar atividades.”
A entidade iniciou essa guinada em novembro com o marketplace em novembro, em um complexo processo de agregar as diversas outras plataformas, tais como de Faculdade do Comércio (FAC-SP), a IMLABS e o Sebrae. “Estamos com muitos projetos em gestação, entre eles um programa de TV para as empreendedores, com parcerias junto aos associados da entidade para dar suporte a essas mulheres. Através desse programa, vamos até o estabelecimento de cada mulher escolhida, visando ajudá-la a melhorar o empreendimento. O objetivo é oferecer a elas e às suas famílias uma luz no fim do túnel. Porque os efeitos da crise sanitária foram muito impactantes.” Conforme assegurou a presidente, o marketplace de cursos tem sido fundamental para muitas delas recomeçarem a vida e ajudarem suas famílias. “A maioria desses cursos são gratuitos. Uma capacitação rápida para dar uma guinada na vida profissional da mulher. É completamente aberto ao público e, no caso dos associados, há um desconto especial para participação nos cursos pagos.”
Conforme suas explicações, não se trata de um trabalho social, mas sim um esforço para incrementar negócios e facilitar o reingresso de mulheres no mercado de trabalho. “Um projeto on-line como esse acaba se abrindo de forma universalizada, pois vai muito além dos associados ou daqueles que já se utilizam de serviços da Associação. É mesmo para todos. E é impressionante a repercussão e o êxito da iniciativa. O quanto esse mundo de possibilidades do digital nos permite ampliar exponencialmente o alcance. O país carece desse espírito empreendedor e há um potencial enorme para isso. O intuito do portal não é comercial, mas sim udentro de um espírito social-empreendedor, incluindo até a Faculdade do Comércio, oferecendo acesso à graduação a um custo muito baixo. Vai do profissionalizante ao acadêmico.”
O vídeo com o bate-papo na íntegra está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 248 lives feitas desde março de 2020. Aproveite para também se inscrever. A série de entrevistas prosseguirá amanhã (23), com o “Sextou?” que celebrará a 250ª live da série, debatendo o desafio de alcançar a excelência em serviços pela inovação. O encontro reunirá Elizandra Costa, gerente executiva de gestão clientes do Banco RCI, Renato Teixeira, diretor executivo de TI, dados e automação da VR e Gustavo Paccola Orsi, superintendente de experiência do cliente da HDI.