Autor: Osmar Correa
As operadoras de redes se deparam hoje com um problema crítico: os consumidores estão cada vez mais exigindo conexões de Internet confiáveis e de alta performance, disponíveis a qualquer hora e em qualquer lugar. Além disso, eles querem que os provedores assegurem a qualidade dos serviços. Um cenário de telecomunicações em constante transformação, a forte pressão por preços competitivos e a necessidade de criar novos modelos de negócios estão relacionados a esse quadro. O resultado, para um grande número de provedores, é uma reduzida Receita Média por Usuário (ARPU, na sigla em inglês).
Para lidar com as dificuldades, as operadoras de redes devem contar com ferramentas inteligentes e lidar apropriadamente com as variáveis mais importantes dessa equação, ou seja, usuários e aplicações.
As tecnologias de inspeção de dados podem ajudar nessa tarefa. A DPI (Deep Packet Inspection), uma das boas opções segundo o Yankee Group, tem crescido bastante durante os últimos cinco anos. A idéia é detectar o conteúdo (vídeo, por exemplo), o usuário e o tipo de aplicação com um alto nível de confiabilidade. Os investimentos em ferramentas como essa têm se concentrado no gerenciamento dos programas do tipo P2P (peer-to-peer) e na prevenção contra ataques de segurança.
Com isso, os provedores podem não só compilar relatórios de dados, mas também garantir a qualidade do serviço (QoS) entregue ao usuário por meio da distribuição da banda disponível. Um relatório recente do Yankee Group, intitulado Conhecimento é poder: o papel da DPI na geração de novas fontes de faturamento, sugere que os provedores precisam ter controle sobre sua rede. Conhecer o comportamento do usuário e os serviços que ele consome na Internet é fundamental.
O melhor exemplo é o dos aplicativos para compartilhamento de arquivos. Eles tendem a ser os responsáveis pelo aumento do tráfego total da Internet. Apesar da crescente popularidade de websites como o YouTube, que contribuem para o aumento do tráfego HTTP, o P2P ainda constitui cerca de 60% do volume de dados da Internet. Sendo assim, os “heavy users” poderiam pagar uma taxa extra para aumentar sua capacidade para downloads, vídeos online e jogos. Essa seria uma alternativa mais eficiente do que simplesmente bloquear a conexão do usuário.
Quando os provedores passam a entender o comportamento do usuário, é mais fácil aumentar suas receitas. E há serviços em franca expansão no mercado, como o VoIP. Somente nos Estados Unidos, o número de usuários deve chegar a 37,7 milhões em 2011, contra 9,1 milhões em 2006. Outros mercados desenvolvidos devem apresentar taxas similares, mas o potencial é ainda maior nas regiões em desenvolvimento, como a América Latina. No caso dos vídeos online, o aumento também será gigantesco. Em 2006, foram registradas 86 bilhões de transmissões de vídeos on-line, ao passo que em 2011 o número deve dobrar e chegar a 166 bilhões.
Osmar Correa é gerente de operações da Allot Communications no Brasil.