As FinTechs, startups de serviços financeiros, estão avançando rapidamente na conquista de clientes. Ao mesmo tempo, os bancos, em sua maioria, admitem não estarem preparados para lidar com essa ameaça. É o que revela o Relatório Mundial sobre Bancos do Varejo (World Retail Banking Report – WRBR), levantamento feito pela Capgemini e pela Efma. A pesquisa revelou que quase dois terços dos clientes (63%) estão usando produtos ou serviços dessas empresas, estando mais propensos a indicar as FinTechs (55%) do que seus bancos (38%) para amigos e familiares.
No Brasil, 74% dos consumidores estão usando produtos financeiros ou serviços provenientes de FinTechs – sendo que 69% dos entrevistados as indicaram aos seus amigos. Enquanto 48% fariam indicação do seu banco aos conhecidos. No entanto, apesar de 96% dos executivos concordarem que o setor caminha na direção de um ecossistema bancário digital, no qual as FinTechs desempenhariam um papel muito mais importante, apenas 13% afirmam possuir os sistemas necessários para viabilizá-lo.
Atrativos
Com uma penetração maior nos mercados emergentes e entre clientes mais jovens, as FinTechs estão ganhando popularidade graças à percepção de que são mais fáceis de usar (82%). Além disso, oferecem serviços mais rápidos (81%) e garantem uma boa experiência para o usuário (80%). Já os bancos subestimam o valor desses serviços, uma vez que apenas 36% concordam que as FinTechs oferecem um serviço mais rápido (uma diferença de 45 pontos percentuais) e apenas 40% concordam que elas oferecem uma boa experiência (uma diferença de 40 pontos percentuais).
Melhor experiência
O Índice de Experiência do Cliente da Capgemini indica que os bancos aprimoraram a experiência de seus clientes em 2.9 pontos, sendo essa melhoria identificada em mais de 85% dos países pesquisados. Porém, esse avanço geral não se traduziu em resultados tangíveis em termos de comportamento do cliente como gerador de lucro. Ou seja, não afeta a retenção, indicação e vendas cruzadas. Apenas 16% dos clientes, por exemplo, disseram que comprariam mais um produto de seu banco.
O aumento do índice no Brasil foi maior do que a média global, chegando a 4.2 pontos (para 75.3). Com isso, o país subiu duas posições no ranking mundial, para 18º lugar. Além disso, se comparado com a América Latina, o Brasil testemunhou maiores diferenças tanto em termos de experiência positiva (+10,4%) como negativa (-3,7%). Na América Latina estes índices foram, respectivamente, -8,4% e -0,3%.
Os bancos consideram a confiança sua maior vantagem (70%), mas, apesar de registrarem um maior índice de confiança do cliente, eles estão sendo rapidamente alcançados pelas FinTechs, considerando que o número de clientes que confiam total ou parcialmente nelas chega a 88% em todas as regiões. No Brasil, 61% confiam em seu banco, enquanto 47% disseram preferir as FinTechs. No entanto, a grande velocidade das mudanças é uma preocupação reconhecida por 90% dos executivos do setor bancário. Menos de um quarto deles sente que possui algum tipo de vantagem em relação às FinTechs em termos de agilidade e capacidade de inovar para lidar com esses desafios.
“A baixa agilidade dos bancos na promoção da inovação deixa as portas abertas para que as FinTechs atraiam novos clientes”, diz o líder global do setor bancário e de serviços financeiros da Capgemini, Anirban Bose. “Há uma oportunidade para que os bancos comecem a trabalhar de forma colaborativa com as FinTechs, mas, para isso, devem formular um plano de resposta rápido, antes que a evolução acelerada do ambiente bancário os atropele no caminho para a mudança”.
Conta mobile
No Brasil, o contato com os bancos por meio da internet, agência física e mídias sociais apresentou queda. Por outro lado, dispositivos móveis teve um aumento de 16%. Das pessoas, 59% disseram utilizar a internet para resolver suas questões bancárias semanalmente, 49% preferem acessar suas contas por dispositivos móveis, 24% vão pessoalmente até sua agência e 13% usam as redes sociais. A experiência positiva dos brasileiros demonstrou ter um forte impacto na confiança que os correntistas depositam em seu banco: 73% revelou ter uma experiência positiva, 62% neutra e 50% negativa. Quanto à fidelidade com relação à sua instituição bancária, 46% está suscetível a ficar com a sua atual agência, enquanto 12% pretende trocar (39% e 19%, respectivamente, em 2015).
O percentual de consumidores utilizando produtos ou serviços de FinTechs no Brasil é maior do que a média global (63%), chegando a 74%. Alguns consumidores utilizam até três ou mais empresas deste setor (26%), sendo que 44% revelaram ter relacionamento com somente uma FinTech.