Os líderes executivos brasileiros seguem otimistas em relação à capacidade do país para inovar, na comparação com o cenário local observado dez anos atrás. Eles também acreditam que essa visão tem sido fundamental para garantir o avanço da qualidade de vida dos brasileiros e que novas tendências globais estão sendo aplicadas no país, permitindo que Internet Industrial, Big Data, convergência tecnológica e colaboração gerem vantagens competitivas para setores como energia e saúde, beneficiando cidades e pessoas. São estas algumas das principais conclusões apontadas pelo Capítulo Brasil do Barômetro Global da Inovação 2014, lançado pela GE.
A nova pesquisa, que está em sua terceira edição e leva em conta as percepções de 200 líderes brasileiros, dentre 3,2 mil executivos de grandes companhias em 26 países, será lançada durante o Inova+, evento que neste ano acontece sob o formato de Youtube Live, por meio da plataforma Caminhos para o Futuro. O objetivo do estudo é investigar os caminhos para que se inove mais e melhor. A conversa foi liderada pela vice-presidente de assuntos governamentais e políticas públicas da GE para a América Latina, Adriana Machado. “O Capítulo Brasil confirma a visão de que são amplas as possibilidades do país no campo da inovação, ao mesmo tempo em que aponta os grandes desafios que temos pela frente. Combinar talentos, recursos e ideias garante maiores benefícios e um aproveitamento mais produtivo do espaço que temos para avançarmos no contexto global da inovação”, explicou ela.
Também participam do debate Maria Luisa Campos Machado Leal, diretora da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial); Gianna Cardoso Sagazio, diretora de inovação do Instituto Euvaldo Lodi, da CNI (Confederação Nacional da Indústria); Fernanda de Negri, diretora do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada); e Alexandre Petry, gerente de Investimentos da Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). De acordo com a diretora da ABDI, a inovação é fator decisivo para o ganho de competitividade da indústria. “O nosso grande desafio é direcionar os processos de construção de novas competências corporativas, organizacionais e tecnológicas, de forma a ampliar as ofertas de negócios”, afirma. A diretora ressaltou ainda que o Brasil já conta com alguns mecanismos consolidados de estímulo à inovação. “Temos o Inova Empresa, uma linha especial do BNDES com recursos da ordem de R$ 33 bilhões, criada para financiar os investimentos em novos processos e novos produtos. Também readequamos o marco regulatório e instituímos o mecanismo de compras públicas, que garante margem de preferência de até 25% para produtos nacionais que incorporem a inovação”, acrescentou a executiva.
Na avaliação da Apex-Brasil, atrair investimento destinado à inovação reforça o desenvolvimento econômico do país e aumenta a competitividade das empresas brasileiras, permitindo que cresçam e tornem-se globais. “Nós trabalhamos em diversas frentes de atração de investimentos para o Brasil. Atuamos com empresas, apresentando a elas oportunidades para a instalação de centros de P&D no país, bem como desempenhamos ações para o fortalecimento do ecossistema brasileiro de inovação, por meio de ações de promoção de projetos de startups no exterior e da realização de rodadas de investimentos em participação (private equity e venture capital) entre empresas brasileiras e investidores internacionais. Todas essas iniciativas visam a fortalecer a inovação brasileira direta ou indiretamente”, destacou Alexandre Petry, gerente de investimento em participação da Apex-Brasil.
Adriana ainda reforçou exemplos práticos de como o avanço do Brasil em inovação tem gerado a expansão de uma infraestrutura dedicada: o crescimento do Parque Tecnológico da UFRJ e a inauguração, no último mês, do primeiro Centro de Pesquisas Global da GE na América Latina, com investimento de mais de R$ 1 bilhão. “Queremos mostrar como multinacionais podem atuar junto ao poder público e parceiros da iniciativa privada e do meio acadêmico para impulsionar a inovação”, concluiu.
O estudo mostra que o Big Data já é uma realidade para os entrevistados brasileiros. A maioria sinaliza que prever cenários por meio de análise de dados é uma das maiores necessidades a serem atendidas hoje e nos próximos anos. Dos entrevistados, 94% acreditam que é essencial entender os clientes e antecipar os avanços do mercado para inovar com sucesso, 77% que é essencial usar a análise de dados e o conhecimento preditivo para inovar com sucesso e 51% afirmam que sua empresa aumentou a capacidade de analisar grandes quantidades de dados complexos no último ano. O Capítulo Brasil aponta ainda que 40% dos executivos brasileiros consideram que empresas menores, como as PMEs e start-ups, estão impulsionando a inovação no Brasil, em linha com a média global (41%). Elas são seguidas pelas multinacionais (27%), cuja importância demonstrada pelos entrevistados locais está acima da média mundial (19%).
O estudo também lista os inibidores da inovação percebidos com maior intensidade pelos brasileiros, entre eles a incapacidade de expandir inovações de sucesso para mercados mais amplos ou internacionais (36%) e a falta de investimento suficiente e de apoio financeiro (25%). Os números também indicam queda na auto avaliação do ambiente de inovação do Brasil (de 43% em 2013 para 28% em 2014) e uma demanda por maior eficiência do apoio governamental à inovação, apenas 17% dos executivos brasileiros concordam que o país atende a esse quesito, abaixo da média global de 40%.