Autor: Francisco Ricardo Blagevitch
Para manter a competitividade e sobreviver no ambiente corporativo as empresas prestadoras de serviços em Tecnologia da Informação (TI) encontraram novas alternativas de negócio para apoiar as estratégias de expansão. De olho não apenas no mercado brasileiro, essas companhias têm encontrado excelentes oportunidades no exterior, especialmente em países da América Latina. Estudo do instituto Gartner indica que a terceirização vem crescendo significativamente mais nos países latino-americanos do que no restante do mundo.
Assim, o Brasil passa a ser visto no cenário mundial como um verdadeiro pólo de outsourcing, brigando de igual para igual com empresas que atuam no mercado internacional. Já é comum grandes corporações terceirizarem suas infra-estruturas de TI a partir do Brasil, escolhendo um contratante que possa agregar qualidade ao seu negócio. Esses são os chamados “centros de competência”, em verdadeiro processo de efervescência no país.
Se antes as empresas nacionais precisavam competir com as “irmãs” brasileiras, agora a “disputa” é mais acirrada, já que atuar em outro país requer investimentos especialmente em mão-de-obra. O outsourcing de Service Desk tem tudo para ganhar mais adeptos a médio prazo. A previsão do Forrester Research aponta que esses segmentos devem atingir, em 2009, US$ 15,5 bilhões.
O Brasil não carece de bons prestadores de serviços em TI. A carência maior reside na ausência de investimentos governamentais que possam fomentar e fortalecer o país como um pólo de outsourcing. Entre os contratantes, na maior parte das vezes, fica claro a disposição de fechar um contrato de gestão de Service Desk com o fornecedor local, ao invés de eleger um parceiro na Índia ou na China.
Modelos bem sucedidos de projetos de terceirização em multinacionais funcionam como cartão de visitas para que o trabalho brasileiro seja reconhecido, e muitas vezes, levado para fora. A competitividade nacional, especialmente no que tange a infra-estrutura de TI, faz com que os “centros de competência” ganhem cada vez mais espaço no cenário corporativo internacional.
Com planos estratégicos desenhados pelas matrizes, as multinacionais buscam fornecedores que otimizem seus resultados globais. Nesse sentido, o Brasil tem tudo para ser uma alternativa que atenda essa necessidade. A aliança entre as multinacionais e os fornecedores nacionais é uma opção promissora e cada vez mais latente para as exportações de serviços de TI.
Os números fortalecem ainda mais essa convicção. Só no Brasil, segundo estimativas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, as exportações de software e serviços de TI devem ter ultrapassado US$ 1 bilhão no ano passado. A expectativa é chegar a USS 2 bilhões até 2009 e saltar para US$ 5 bilhões em 2010.
Esse cenário fornece subsídios para que o Brasil se consolide como referência mundial quando o assunto é outsourcing. Chegou o momento de abraçar o papel de protagonista dessa história, mostrando que é possível, apesar de todos os obstáculos, oferecer ao cliente projetos de altíssima qualidade, que atendam de forma efetiva requisitos previstos nos acordos de SLA (Service Level Agreement).
De olho nas vantagens brasileiras, é crescente o movimento de contratação local para o gerenciamento de infra-estrutura em outros países. À medida que o Brasil conquista credibilidade com seus centros de competência, colabora para projetar profissionais e metodologias no mercado internacional, que se apresenta como um terreno a ser explorado. E para ganhar espaço, temos que batalhar pelas melhores oportunidades e, acima de tudo, lutar para que os “gargalos”, especialmente legais, não paralisem o movimento de crescimento que toma conta do Brasil.
Se vender serviços no próprio território já é uma tarefa complexa, ofertar capacidade de TI para outros países torna-se um desafio ainda maior. Até então, temos provado que damos conta do recado. E é justamente essa enorme capacidade que deve ser explorada.
Francisco Ricardo Blagevitch é diretor de novos negócios da Asyst Sudamérica. Colaborou Oswaldo Brancaglione, diretor de processos.