Autor: Alessandro Gil
Os últimos quinze anos significaram uma história de sucesso para o Brasil. Apesar da desaceleração em 2008, provocada pela recessão mundial, o seu crescimento econômico tem chamado a atenção por ser um dos mais rápidos do mundo, com uma taxa de 2,7% em 2011, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o que demonstra que apesar da crise européia, o Brasil tem feito a lição de casa e a economia está mais resistente do que no passado. Este avanço vem sendo impulsionado pela aceleração nos setores de agricultura, mineração e indústria. No entanto, durante os últimos anos, o Brasil também apresentou sinais de que sua força econômica pode estar também em um campo menos tradicional – o comércio eletrônico.
Há uma série de dados que mostram quão proveitoso esse segmento pode se tornar. O Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital da FGV-EAESP demonstrou que um número crescente de empresários internacionais está optando por lançar startups no País, e estão financiando esses projetos por meio de participações privadas (private equity).
A consultoria e-bit prevê que o comércio eletrônico no Brasil deve crescer 25% em 2012 e mais 23% em 2013. Hoje, o País é visto como um mercado de crescimento estratégico pelos empresários de e-commerce internacionais. De acordo com a Forrester, grandes marcas como a Netflix estão entrando no mercado, enquanto empresas europeias, como a Rocket Internet, estão atuando como incubadoras para marcas de e-commerce, incluindo o promissor e-commerce da Dafiti. Seja por meio de investimento ou aquisição, os grandes players globais estão aumentando a presença no Brasil. A pergunta que não quer calar é: por que só agora?
Os principais motivos são a estabilidade econômica, política e social, que desempenharam um importante papel na definição das bases para o crescimento brasileiro, proporcionando a entrada massiva da classe média na economia. Esta porção da sociedade brasileira se viu com mais renda disponível e uma parte desse valor está sendo gasto em celulares e conexões de banda larga. Portanto, a infraestrutura básica necessária para o crescimento do e-commerce já está disponível.
Tais fatores, também estão presentes em outros mercados, como o da China. Mas por que a China não atrai tantos investidores de e-commerce? O motivo é simples. O Brasil é muito mais receptivo para os negócios estrangeiros. O País facilitou a entrada de empresas estrangeiras e a população tem um perfil bastante acolhedor. Ao avaliar o potencial de crescimento dos dois mercados, todos os fatores citados fazem do Brasil uma opção de investimento atrativo.
Para investidores e empresas de e-commerce que contemplam os benefícios de se instalar no Brasil, a chave para o sucesso reside em aproveitar a maré enquanto há tempo. Atualmente, como o mercado e-commerce está menos desenvolvido, há menos concorrentes. Mesmo alguns dos gigantes do e-commerce estão apenas realizando incursões experimentais no País, o que significa que existe espaço no mercado para quem quiser ingressar nele. Esta situação não irá perdurar por muito tempo e prevemos que no final de 2012, o setor de comércio eletrônico brasileiro parecerá mais saturado do que é hoje.
É por essas razões que a Rakuten ingressou no mercado brasileiro em 2010, com a compra da Ikeda. Acreditamos que atualmente o Brasil ofereça um dos melhores ambientes para ganhar posição no mercado sul-americano. O nosso investimento na região é prova de uma jogada rentável. Nossa mensagem é simples – o Brasil é o próximo grande mercado para o e-commerce. As empresas que se apressarem o suficiente, aproveitando as atuais condições do mercado, estarão se posicionando de uma forma mais vantajosa numa das principais economias do futuro.
Alessandro Gil é CMO da Rakuten Brasil.