Sete de cada dez brasileiros querem liberdade de escolha do seu fornecedor de energia elétrica. Do mesmo modo como contam com a possibilidade de selecionar a sua operadora de telefonia celular. É o resultado de uma pesquisa encomendada ao Ibope, em todo o País, pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia, Abraceel. Foi revelado, ainda, que o desejo da portabilidade da conta de luz saltou de 66% no ano passado para 72% da população em 2015. Os cidadãos da classe AB, com rendimento acima de cinco salários mínimos, bem como a população com curso superior e moradora de regiões metropolitanas, representam os segmentos mais propensos a adotar a liberdade de escolha no setor elétrico.
Dos entrevistados, 44% acreditam que a portabilidade da conta de luz vai permitir a redução nas tarifas do setor. “O brasileiro em geral quer mais autonomia para gerir a sua conta de energia elétrica e acredita na força da competição como elemento indutor para a redução de preços na área”, afirma Reginaldo Medeiros, presidente da Abraceel. Segundo ele, as infrutíferas intervenções governamentais nos últimos anos contribuíram para aumentar essa percepção entre os cidadãos. A Associação também apoia o projeto de lei da Portabilidade da Conta de Luz encampada pela Frente Parlamentar Mista em Defesa das Energias Renováveis, Eficiência Energética e Portabilidade da Conta de Luz. Entre outras medidas, por meio dessa nova legislação, todos os consumidores, inclusive os residenciais, poderão ser livres para escolher seu fornecedor de eletricidade.
Caso o projeto seja aprovado e implementado, 72% dos brasileiros desejam trocar imediatamente o seu atual fornecedor de eletricidade. Um desejo seis pontos percentuais maior do que o verificado em mesma pesquisa realizada em 2014. “Provavelmente, a insatisfação com o aumento brutal das tarifas nos últimos meses tenha contribuído com essa disposição maior para mudança”, explica Medeiros. Isso éjustificado pelo fato de que 64% dos que afirmam ter a intenção de substituir concessionária dizem que fariam isso em razão dos preços praticados.
A geração distribuída de energia também está na agenda do cidadão brasileiro. Quase 90% dos brasileiros afirmam que gostariam de poder gerar energia elétrica em suas residências, 12% a mais do que no ano passado. “O mercado livre de energia é o melhor ambiente para que essa iniciativa seja aplicada e funcione a contento”, complementa Medeiros. A pesquisa do Ibope foi encomendada como subsídio para a campanha A Energia para o Brasil Crescer é Livre, promovida pela Abraceel em 2015, com apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e mais 60 empresas e organizações da sociedade civil. A iniciativa tem como objetivo promover a liberalização do setor elétrico brasileiro, por meio da aprovação do projeto de lei da Portabilidade da Conta de Luz.
“O Congresso Nacional já se sensibilizou para conceder o direito da liberdade de escolha de fornecedor de energia para o cidadão, como já ocorre nos países da União Europeia, dos Estados Unidos, do Canadá e até mesmo nações latino-americanas, como a Colômbia”, detalha Medeiros. Atualmente, são poucos os consumidores brasileiros que podem escolher seu fornecedor. Sobretudo grandes indústrias e empresas, contam com tarifas 20% menores do que as praticadas no mercado cativo. Para o presidente da Abraceel, isso é um sinal inequívoco de como a ampliação da liberdade de escolha para todos os consumidores, inclusive os residenciais, pode contribuir para a queda dos preços. “Isso vai significar, além de maior competitividade para a indústria, um fator determinante para reduzir a indexação dos contratos no setor, contribuindo assim para a queda nas taxas de inflação.”
A pesquisa Ibope sobre o setor de energia elétrica contou com 2.002 entrevistas realizadas em todo o Brasil, com pessoas acima de 16 anos. O intervalo de confiança é de 95% e a margem de erro estimada é de dois pontos percentuais para cima ou para baixo sobre os resultados encontrados na amostra.