O Índice Nacional de Confiança (INC) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) registrou 64 pontos em abril. É o pior resultado desde que a pesquisa foi implantada, em abril de 2005. Em março de 2016, a confiança foi de 73 pontos e, em abril do ano passado, 103 pontos. Como no INC os valores entre 100 e 200 significam otimismo e os abaixo de 100 representam pessimismo, vê-se que, no intervalo de apenas um ano, o brasileiro deixou o campo otimista e se tornou profundamente pessimista.
A confiança do consumidor paulista também bateu novo recorde de baixa, despencando de 57 pontos em março, para apenas 48 pontos em abril. Há um ano, o INC do Estado foi de 89 pontos. Mais industrializada, a região é mais sensível aos efeitos da crise econômica. O Índice Nacional de Confiança mede a confiança e a segurança do brasileiro quanto à sua situação financeira ao longo do tempo. Indica a percepção da população sobre a economia e prevê o comportamento do consumidor no mercado.
“O brasileiro está abalado com o que está acontecendo no País. Com a chegada de um novo governo, as incertezas do consumidor podem diminuir. Aliás, o grande desafio da nova equipe econômica será justamente recuperar o otimismo da população e aproveitar a queda da inflação para, no momento adequado, iniciar a redução da taxa de juros”, comenta Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
Emprego, consumo e situação financeira
Segundo o INC de abril, 51% dos brasileiros definem sua atual situação financeira como ruim. Outros 37% acreditam que sua situação financeira futura piorará nos próximos seis meses. Em março, essas parcelas eram de 51% e 34%, respectivamente. E, há um ano, eram de 38% e 22%. Consequentemente, grande parte dos brasileiros continua preocupada com a questão do emprego: apenas 13% estão seguros em seus trabalhos – há um ano, eram 28%. “A incerteza política contribui para o consumidor recuar nas compras, pois prioriza os produtos do dia a dia. Ele está postergando decisões de compra parcelada para um momento mais favorável”, diz Burti.
E não é para menos, de acordo com o índice, 68% não estão à vontade para comprar eletroeletrônicos, contra 62% no mês anterior e 42% há um ano. Além disso, 73% não pensam em adquirir bens duráveis de maior valor, como imóveis e automóveis, Ante 68% em março e 53% há um ano.
Classes
O INC das classes A/B despencou de 60 pontos em março para 49 em abril. Por ser o grupo socioeconômico mais bem informado e, também, porque ele já começa a ser bastante afetado pelo desemprego, com gerentes, diretores e executivos de empresas sendo demitidos por contenção de gastos. Já a classe C, saiu de 74 pontos em março e foi para 63 pontos em abril. Continuando a se a mais afetada pelo desemprego, porque foi a que mais se beneficiou do crescimento econômico dos últimos anos. “O consumidor da classe C é o mais ameaçado”, reforça o presidente. Por fim, nas classes D/E, o INC caiu de 85 para 81 pontos de um mês para outro.
Regiões
O Sudeste teve um indicador de 53 pontos em abril contra 65 em março. O Sul sofreu queda semelhante, indo de 73 para 59 pontos em abril. Já nas regiões Norte/Centro-Oeste, a confiança do consumidor recuou de 76 para 70 pontos no mesmo período. O Nordeste continua a região menos pessimista, com um INC de 82 pontos em abril frente a 88 em março.