Autor: Carlos Eres
Hoje em dia, os dispositivos móveis nos beneficiam com inúmeros serviços. E a adoção desta nova modalidade ocorre tanto no nível profissional como no pessoal. Prova disso é que a consultoria IDC prevê que o número de unidades móveis superará a marca de os um milhão durante o ano de 2010. As aplicações para iPhone se triplicarão, enquanto que para o sistema operacional Android aumentarão 500%. De fato, a mobilidade vai ampliar os modelos tradicionais de negocio em TI. Segundo as projeções que acabam de ser publicadas pelo Gartner, o acesso à Internet por meio de dispositivos móveis irá superar os computadores no ano 2013.
Amparado pela contínua e crescente inovação de toda a indústria que participa deste campo, há um panorama que virtualmente não se vêem limitações em relação aos serviços, aplicações e prestações de serviço. Não há dúvida de que essa tendência vai caminhar para a eliminação de objetos cotidianos que carregamos em nossas bolsas e bolsos, assim como acarretará na diminuição de deslocamentos, ações e movimentos para nossas gestões e compras.
De fato, substituir as chaves de nossa moradia ou do veículo, ativar ou desativar a domótica de nosso lar à distância, conectar-se a um eletrodoméstico, acessar a um recinto, dispor de uma carteira virtual para realizar pequenos pagamentos ou receber as receitas do médico para comprar os medicamentos em uma farmácia, são ações cada vez menos futuristas. É muito provável que o uso das aplicações móveis promova a troca da maneira como realizamos atualmente certas ações rotineiras. Um exemplo disso é como se está se generalizando o uso desta tecnologia para a realização do check-in nos aeroportos. Aqui, um simples código dimensional recebido no dispositivo permite ao usuário o acesso ao avião.
Analisando o setor e o mercado, é possível ver três tendências que se inter-relacionam no caminho desta indústria: o mobile como meio de pagamento do futuro; como meio de identificação e de acesso e, por último, como suporte para ações de marketing e vendas cruzadas.
Quando falamos nas transações comerciais, as aplicações móveis podem realizar transações comerciais, o que inclui as operações financeiras. Muitas instituições financeiras dispõem aos clientes portais banklines adaptados aos dispositivos móveis, inclusive com soluções integrados de mobilidade e geolocalização. Utilizar o mobile banking como meio de pagamento já não é mais tão estranho, pois já é possível combinar essas transações de pagamento às informações de posicionamento que proporcionam aos dispositivos móveis o reforço da segurança na transação.
Para generalizar estes serviços, é possível utilizar a tecnologia de transferência de dados sem fio, a NFC (do inglês, Near Field Communication). É muito provável que a partir de 2011 este processo de padronização comece a substituir as carteiras com dinheiro e os cartões de crédito tradicionais, permitindo o pagamento sem contato. Esta é uma tecnologia que permite a dois dispositivos próximos se reconhecerem para trocar e armazenar dados sem a necessidade de validação manual, podendo assim realizar pagamentos em um comércio, obter acesso no cinema ou mesmo no transporte público, por exemplo.
Um indicador de que a implantação deste serviço segue seu curso foi confirmado numa apresentação durante o principal evento mundial do setor, o Mobile World Congress 2010, que se acaba de ser realizado em Barcelona. Durante o encontro, foi exibido pela primeira vez um piloto para a realização de pagamentos móveis sem contato.
Para fazer do mobile uma carteira virtual completa, é necessário haver a associação do dispositivo às diversas contas e cartões bancários, pois o usuário precisa ter liberdade de escolher, em cada momento e para cada operação de pagamento, qual delas quer utilizar. O desafio aqui é fazer com que o pagamento através da aplicação móvel seja uma operação possível através de qualquer companhia telefônica e qualquer instituição bancária.
Para isso, basta que seja definido um padrão comum entre todas as partes participantes no processo: os fabricantes de aparelhos móveis, as operadoras de telefonia, as instituições financeiras, as companhias de cartões de crédito e os fornecedores de plataformas de pagamento.
O que é evidente neste modelo de negócio é o benefício comum a todos. Aumentando o uso do telefone, as operadoras de telefonia poderão fidelizar seus clientes. Em contrapartida, as entidades financeiras capturarão uma parte do mercado de pagamentos, enquanto os fabricantes de telefones móveis aumentarão os serviços disponíveis e renovarão constantemente seus modelos, vendendo mais unidades.
Na ponta, os comerciantes se beneficiarão pela agilidade no processo de pagamento e pela minimização do movimento de dinheiro. E por último, os consumidores, que são o foco de todo o movimento, terão economia de tempo e comodidade.
Carlos Eres é CEO da GFT.