Em maio, o Índice de Intenções do Consumidor (IIC), calculado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio SP), apresentou alta de 3,95% em relação ao mês passado, passando de 100,3 para 104,26 pontos. O índice foi puxado principalmente pelo otimismo do consumidor em relação ao cenário político. Este motivo também foi o que mais contribuiu para que o IIC de maio ficasse 6,45% acima do registrado no mesmo período de 2002, atingindo assim o maior patamar para o mês desde 1999.
O ânimo quanto ao desempenho do novo governo já vinha apresentando crescimento significativo desde o mês passado, mas ganhou impulso ainda maior em maio. Na avaliação da assessoria econômica da Fecomercio SP, esse quadro se deve principalmente à grande exposição na mídia da discussão sobre as reformas. Como, em geral, o governo tem se mostrado ativo em promover essas mudanças estruturais, cria-se um ambiente positivo e de boa aceitação. Por causa disso, o Índice de Intenções Futuras (correspondente a 60% do cálculo total do IIC) apresentou alta de 5,74% em relação a abril e de 10,60% na comparação com maio do ano passado.
Com o resultado de maio, o IIC confirma a trajetória de alta que teve início do mês passado, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) avaliou, em sua reunião, que “essa recuperação, após dois meses de quedas, decorreu da melhora nas expectativas com fatores internos, como desemprego, inflação e cenário político”. Por isso, a Federação do Comércio do Estado de São Paulo considera necessário que o Copom avalie a possibilidade de reduzir a taxa básica de juros para permitir que o consumo se recupere.
Porém, ainda que mais otimistas, as pessoas entrevistadas apresentaram em maio menor ímpeto para comprar bens que não sejam de primeira necessidade. O porcentual de entrevistados que não querem gastar com produtos de maior valor (como carros, aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos) nos próximos 12 meses subiu de 52,02% em abril para 52,87% este mês. Em março, esse total havia sido de 48,74%.
Além do cenário político, o IIC de maio também foi influenciado pela redução da preocupação dos consumidores quanto ao ambiente internacional negativo, decorrente do fim da guerra no Iraque. Outro fator que contribuiu para o resultado foi o aumento do porcentual de pessoas que consideram a queda na inflação. Um ponto curioso é que o aumento de otimismo em maio foi demonstrado com maior intensidade pelas mulheres do que pelos homens. Entre eles, o resultado do IIC teve queda de 0,11% em relação a abril, enquanto para elas a variação foi de 8,12%. No mês passado, havia ocorrido o inverso.