Autor: Cássio Pantaleoni
A Internet das Coisas (IoT), uma das tecnologias que mais deve impactar a vida das pessoas e das empresas nas próximas décadas, nada mais é uma do que uma rede em que objetos passam a estar conectados uns aos outros por meio de sensores embutidos capazes de receber e transmitir dados em tempo real. Essa rede permite que esses dispositivos se comuniquem, analisem e compartilhem informações sobre o mundo ao nosso redor, utilizando plataformas e softwares baseados em nuvem.
No caso do varejo, as tais “coisas” conectadas podem incluir chips para rastreamento de inventário (RFID – Identificação por Rádio-Frequência), balcões com infravermelho para controle de tráfego no interior das lojas, sistemas de rastreamento via celular e Wi-Fi, sinalização digital, um quiosque ou até mesmo um dispositivo móvel que o cliente esteja usando.
Os principais elementos de uso da IoT incluem a cadeia de suprimentos, o consumidor sempre conectado e as aplicações em lojas inteligentes. A seguir, confira exemplos de cinco áreas nas quais os varejistas já estão tirando proveito das vantagens da Internet das Coisas:
1 – Manutenção Preditiva. Ela é usada no gerenciamento de energia, na prevenção de falhas ou na detecção de outros problemas. Em um supermercado, por exemplo, há muitos equipamentos em uso constante, entre os quais os sistemas de refrigeração dos setores de frios, laticínios e carnes. Naqueles que possuem sensores, é possível prever qualquer ocorrência que possa afetar o consumo de energia, no intuito de manter ou monitorar as variações de temperatura e assim garantir a qualidade dos alimentos.
2 – Transporte Inteligente. A eficiência no transporte dos produtos é um dos objetivos de aplicações no varejo, e a Internet das Coisas pode ser utilizada com diversos propósitos: manutenção, rastreamento e otimização de rotas, por exemplo. Muitos varejistas fizeram uso no passado do GPS, mas com a IoT é possível saber a que distância um pallet está de determinada loja, com um grau de precisão muito maior.
3 – Armazenamento Sob Demanda. Quando se trata de estocagem, a IoT se conecta a dois conceitos muito atuais: automação e robótica, ambos impulsionados pela demanda de compras tanto nas lojas físicas quanto de compras online. A Internet das Coisas permite monitorar as oportunidades de vendas em tempo real e, ao mesmo tempo, fazer o rastreamento das vendas perdidas nas lojas. Vale lembrar que o RFID é um item da IoT muito bem testado e que pode ser usado para a gestão do inventário. Atualmente, um centro de distribuição ou armazém é organizado com corredores e prateleiras. No futuro, eles serão espaços abertos, nos quais os pallets automáticos serão organizados de acordo com a demanda e em tempo real.
4 – Cliente Conectado. Cada vez mais os consumidores, sempre conectados, são impactados por onde passam. Os varejistas entendem que os clientes são capazes de pesquisar preços e níveis de estoque das lojas em seus dispositivos móveis. Mas e se fosse possível fazer uma oferta personalizada e com um melhor preço ou oferecer serviços com base na geolocalização? E se fosse possível oferecer serviços exclusivos aos clientes mais leais e que geram mais valor para o negócio? Antes, a regra era oferecer promoções a todos os clientes, na esperança de que alguns deles pudessem ter interesse. Com a Internet das Coisas, é possível entender todo esse contexto e saber quando o o cliente precisa de ajuda ou de algum incentivo para realizar a compra, agindo de forma proativa.
5 – Loja Inteligente. Em um shopping center, o tráfego de pessoas pode ser analisado entre vários lojistas, sendo possível entender toda a jornada de compras. Antigamente, era necessário realizar pesquisas para saber se os varejistas estavam atendendo às necessidades dos clientes, e só então eram aplicados os programas de treinamento. Agora, pode-se usar o monitoramento de tráfego para saber se os clientes estão frequentando a área onde está determinado produto. Com isso, basta direcionar um atendente para aquele local ou analisar essa informação posteriormente e verificar a necessidade de algum ajuste no layout da loja, para atrair clientes mais rentáveis. Fazendo isso, é possível personalizar a experiência de compra, abrindo oportunidades para implementar ações de marketing digital ou a oferta de anúncios nos dispositivos móveis.
Com o rápido crescimento das compras online, os varejistas estão muito interessados em trazer a experiência do cliente para dentro de suas lojas físicas. A razão disso é que eles querem ter acesso aos mesmos tipos de dados e análises já usados no varejo digital, com o objetivo de criar novas experiências e coletar novas informações que os ajudem a prever quando os clientes irão comprar novamente.
O diferencial com o uso da Internet das Coisas vem da capacidade do varejista em detectar, entender e trabalhar em cima dos dados e das análises. Para isso, será necessário investir em aplicativos que melhor atendam às demandas dos clientes e que, no fim das contas, gerem valor para o negócio.
Cássio Pantaleoni é presidente do SAS Brasil.