Cliente em um novo relacionamento?

Em meio a tantos índices negativos que atrapalharam os planos de consumo do brasileiro nesses últimos anos, o atacarejo surgiu como a salvação para muitos que estavam em busca de um canal de compras. Afinal, de acordo com o executivo de atendimento ao varejo da Nielsen, Felipe Manssur Santarosa, o segmento tem forte benefício de preços aos consumidores. “Especialmente, quando em compras de grandes quantidades”, diz. Entre os fatores que muito ajudaram para que essa modalidade ganhasse cada vez mais adeptos do público B2C, o executivo aponta inflação, desemprego, endividamento e redução de renda. “Com o bolso mais apertado e com redução no poder de compra, o brasileiro busca se adequar ao momento e, nesse contexto, o atacarejo surge como oportunidade.”
Santarosa comenta, também, que o primeiro grupo de consumidores a procurar por empresas dessa modalidade foram aqueles que possuem Nível Sócio Econômico (NSE) alto – geralmente, das classes A e B. Isso porque eles “possuem mais acesso à informação e maior poder de compra – paralelo com as compras maiores e de maior desembolso”. Porém, cresce também, cada vez mais, a presença de clientes da classe média – B e C, justamente por conta do fator economia. “Em termos de públicos gerais, o grande foco do atacarejo era o mercado B2B. O que passamos a ver é o ‘descobrimento’ do consumidor final, que embora ainda tenha menos frequência e menor desembolso, já figura como importante público para o canal.”
Do outro lado desse novo relacionamento que surge, as empresas vêm procurando se desenvolver, a fim de oferecem um ambiente melhor e uma experiência mais satisfatória. A missão é que esses clientes que aparecem, mantenham-se fidelizados mesmo depois que as condições financeiras melhorarem. Que eles percebam as vantagens conquistadas e não queiram abrir mão delas. Por conta disso, esses estabelecimentos, que no começo só aceitavam compras de quem tinha CNPJ, passaram a exigir menos, bem como a oferecer outras formas de pagamento e aumentar o sortimento de produtos. “Com isso, o canal passou a oferecer mais opções de produtos (cobertura maior do que é oferecido no Hipermercado, por exemplo) para atender a essa nova demanda”, avalia o executivo.
Já para as empresas, Santarosa aconselha considerar a ideia de expansão das lojas, o que pode ser uma grande saída para a fidelização. “Outros pontos mais operacionais, como redução de filas e melhor experiência de compra, também podem ser aliados nesse processo”, adiciona. “Mais importante, continuar a oferecer aos mais variados públicos os produtos procurados a um preço justo ainda é a principal fonte de fidelização do canal.” Quanto à expectativa para o futuro, ele assume que ainda é difícil de dizer algo em longo prazo, ainda mais em um setor tão dinâmico como o varejo. Mas que, de acordo com os dados avaliados pela Nielsen, essa tendência de crescimento do atacarejo ainda será de mais alguns anos. “Muitos brasileiros ainda pretendem continuar a economizar e buscar melhores preços mesmo após a retomada do crescimento econômico. Portanto, avalia-se como uma perspectiva positiva o desempenho do canal no futuro”, analisa.

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