Talvez, a ideia de que os idosos estejam atrasados na evolução das tecnologias, Internet, mobilidade e afins não seja tão verdade. Afinal, a faixa de público de mais de 50 anos ativa na conectividade cresceu, entre 2005 e 2011, mais de 200%. Um número bastante expressivo e que mostra uma verdade que podemos ver no dia a dia: o público idoso está mais ativo. Permanecendo, inclusive, mais tempo no mercado de trabalho, esse é um grupo que também está bastante presente no consumo. Tanto pela necessidade, vontade ou desejo de aproveitar a vida, já que possui mais tempo disponível.
Assim, as empresas vêm percebendo o benefício de olhar para essa fatia do mercado e o quanto de retorno traz. “O mercado está procurando segmentar a comunicação e direcionar novos produtos para o público sênior, que não só possui interesse, como de fato consome produtos e serviços”, afirma Roberto Barroso, presidente do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre para as áreas de Pessoas, Rural e Habitacional. Em entrevista exclusiva à ClienteSA, ele fala mais sobre esse novo momento do cliente sênior e o mercado.
ClienteSA: Qual a importância de se dar atenção ao público sênior?
Barroso: Quando Mark Zuckerberg criou o Facebook provavelmente não pensou que a terceira idade teria interesse na ferramenta. Mas a porcentagem de usuários maiores de 65 anos na rede, nos Estados Unidos, já alcança 45% dos que navegam pela internet com essa idade. Aqui no Brasil, a taxa mais acelerada de inclusão digital está no grupo de brasileiros com 50 anos ou mais. Nessa faixa etária, a evolução no número de conectados, entre 2005 e 2011, teve um salto de 222,3%. Tornando-os 18,4% de todos os internautas do Brasil. Os idosos também representaram 20% das viagens feitas no Brasil, segundo a Embratur (Empresa Brasileira de Turismo). O fato é que o mercado consumidor preponderante está deixando de ser pautado pelo jovem. Maior expectativa de vida, melhor qualidade dela, maior tempo de permanência do público sênior no mercado de trabalho, com maior desejo de acesso aos vários bens de consumo implicam mudanças demográficas e socioculturais que não podem ser ignoradas. O mercado ainda está acordando para este target de público sênior, para os novos estilos de vida que estão surgindo, adotados por este consumidor mais velho.
Quais são os diferenciais desse perfil?
Ele valoriza a sexualidade, preocupa-se com a saúde preventiva, conectividade e generalização da tecnologia. Tem desejo e disposição para continuar a trabalhar, realizar novos projetos de vida e investir no lazer. Os consumidores mais velhos também estão com mais dinheiro. Essa faixa etária representa 43% da classe de renda mais alta (acima de dez salários mínimos) e indica que a tendência é que o país envelheça melhor. Em 2005, apenas 17% dos brasileiros tinham mais de 50 anos e a expectativa é que o número chegue a 29% até 2025.
Como atender às suas necessidades?
O mercado está procurando segmentar a comunicação e direcionar novos produtos para o público sênior, que não só possui interesse, como de fato consome produtos e serviços. Em geral, eles buscam experiências saudáveis e prazerosas, são vaidosos, gostam de se manter atualizados, consomem cultura e priorizam a saúde. Valorizam segurança e conforto, percebem que não são valorizados nas questões de consumo, então uma ação ou divulgação específica pode fazer diferença.
Esse cliente também possui alguma particularidade para ser fidelizado?
Dois desafios às empresas são desenvolver produtos adequados e conquistar a confiança deste público específico. Para isso, antes de colocar no mercado um serviço que acreditam ser eficazes com os clientes idosos, é importante pesquisar os vários perfis de consumidores dessa faixa etária e inovar no atendimento. Nos ramos de seguros isso também se aplica. Por que não, por exemplo, oferecer um seguro do qual seja possível, ao longo do tempo, constituir uma reserva para celebrar a vida, em diferentes situações, como aniversários de casamento, aposentadoria, nascimentos de netos? No seguro de vida tradicional, todo o prêmio é perdido, se não há resgate por invalidez ou se o segurado deixa de pagar o plano ainda em vida.