Como desenvolver a competitividade das MPEs?



Há um bom tempo nosso foco no Sebrae já são as micros e pequenas empresas, elos mais frágeis das cadeias produtivas tanto pela fragmentação quanto pelo menor acesso a serviços qualificados de suporte empresarial como crédito, consultorias especializadas, etc. Menos favorecidas em tudo, não tendo conhecimentos, acesso, padrinhos ou parceiros, as pequenas ou micro empresas só contam com a vocação, o talento e o instinto de seu titular para superar barreiras mercadológicas. Que muitas vezes também não chegam a ser desbravadores: têm lá suas inibições naturais, principalmente, em muitos casos, diante dos percalços que encontram e têm que superar sozinhos.


Entretanto, engana-se quem acredita que o Sebrae está concentrado apenas na capacitação do empreendedor. Esta é apenas uma das vertentes de nosso trabalho: afinal, somos uma agência de fomento, não simplesmente uma escola. Baseados na constatação de que o que importa, na verdade, é a demanda, que orienta produtos e serviços, partimos agora para uma inversão da lógica.


Atentos às necessidades da economia, temos trabalhado desde 2006 na escrutinização dos mercados, segmentos, cadeias e canais, visando identificar oportunidades a partir das demandas específicas para a partir daí articular uma rede estruturada de fornecedores. Nesse sentido, também deslocamos e concentramos foco nos compradores de grande escala, capazes de orientar e acolher pequenas empresas em suas cadeias de suprimentos.


Nosso sistema já tem feito isso na prática, há anos, de forma regional ou estadual e de um modo talvez um tanto empírico, focado em compras governamentais e de grandes empresas, contando com boas experiências em estados como o Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Amazonas ou Ceará. Agora, estamos empenhados em criar um modelo nacional com uma estratégia geral mas flexível, capaz de contemplar as muitas variáveis das diferentes situações regionais e dos mercados. Não queremos ocupar o lugar de ninguém, nem reinventar a roda: daí o interesse em criar sinergias com quem já detém o conhecimento.


Pretendemos sensibilizar e envolver grandes cadeias compradoras a adotarem alguns princípios que facilitem e viabilizem a vida das micro e pequenas empresas, tais como incluir e manter em sua base de fornecedores, um rol de micro e pequenas empresas. Essas é a proposta a que se propõe, por exemplo, nossa parceria com o Integrare – Centro de Integração de Negócios, uma associação empresarial formada por grandes e médias corporações tais como Dupont, IBM, Kodak, ABN Amro Real, Unilever ou Marriott. O Integrare promove oportunidades competitivas para empresas de pessoas com deficiência, afro-brasileiras ou indígenas, nos segmentos mais variados, da construção civil a serviços de contabilidade, de tecnologia de informação a recursos humanos, de marketing e comunicação a transporte, etc.


É importante salientar que, em momento algum, Sebrae ou Integrare incentivam a caridade, o paternalismo ou o assistencialismo nos negócios: basta-nos testar, aferir, e aproveitar o potencial de competitividade das MPEs, agregados aos benefícios da inclusão econômica de tais grupos sociais.


Entendemos que desenvolver a competitividade das MPEs é fundamental: se elas precisam absorver as melhores práticas e padrões de excelência e desempenho, nada melhor que aprender fornecendo para grandes cadeias, onde referências e padrões são rigorosos em pontualidade, qualidade, disponibilidade de serviços, etc. Ou seja: interagindo e aprendendo na prática com o sistema de suprimentos das grandes e bem sucedidas corporações, nacionais e internacionais, terão chances concretas de negócios e de aceleração do desenvolvimento empresarial em direção ao atendimento das dinâmicas, demandas, tendências e exigências do atual mercado nacional e mesmo internacional.


Raissa Rossiter é gerente da Unidade de Acesso a Mercados do Sebrae Nacional.

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