Dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelam que, no último mês de fevereiro, o Indicador de Confiança do Consumidor alcançou 49 pontos, frente a 43 observados em fevereiro de 2018, apresentando avanço de 14,5% na comparação anual. Apesar do crescimento expressivo, a comparação com o dado de janeiro de 2019, quando se observou os mesmos 49 pontos, mostra que o avanço da confiança perdeu força no último mês.
Na avaliação do atual cenário econômico e da própria vida financeira, a percepção dos entrevistados melhorou em relação a janeiro, mas ainda permanece ruim: 58% enxergam o momento da economia de forma negativa – apesar de registrar a percepção da maioria, esse é o menor percentual desde o início da série histórica, em janeiro de 2017. As principais razões apontadas são desemprego elevado (63%), aumento dos preços (60%), alta na taxa de juros (39%), desvalorização do real frente ao dólar (21%) e menor poder de compra do consumidor (19%). Para 34%, o quadro econômico é regular e apenas 6 % consideram bom.
Quanto à vida financeira, 38% dos brasileiros avaliam sua situação como negativa, enquanto 48% classificam como regular e somente 14% como boa. Para quem compartilha da visão negativa, o alto custo de vida é a razão mais citada por 51% desses entrevistados. O desemprego aparece segundo lugar (36%), ao passo que 24,8% culpam a queda da renda familiar.
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, apesar da economia gravitar em um contexto desafiador, o avanço da confiança pode significar uma propensão maior ao consumo. “Ainda é cedo para constatar se esse efeito de fato ocorreu nos últimos meses. Mas espera-se que, com um cenário econômico mais estável, o consumo encontre algum estímulo nas perspectivas mais favoráveis”, analisa.
OTIMISMO COM FUTURO DA ECONOMIA
A sondagem procurou saber o que os brasileiros esperam sobre o futuro da economia e de suas finanças. De acordo com o levantamento, 39% dos brasileiros estão otimistas com a economia para os próximos meses, enquanto outros 34% se mantêm neutros, ou seja, não afirmam que as condições econômicas do país estarão melhores ou piores daqui seis meses. Já 23% disseram estar pessimistas.
Entre os que acreditam na retomada da economia, a maior parte, 37%, credita isso à percepção de que haverá mais estabilidade política. 32% dizem perceber que as pessoas estão mais otimistas; 30% concordam com as medidas econômicas do governo; 23% dizem notar melhora dos indicadores econômicos; e 19% não sabem ao certo justificar seu otimismo.
Quando questionados sobre o que esperam para os próximos seis meses em relação às suas finanças, 68% acham que sua vida financeira vai melhorar, contra apenas 8% que acreditam em uma piora. Há ainda 21% de entrevistados neutros. Já entre os que estão confiantes com a vida financeira nos próximos seis meses, 44% fiam sua confiança na possibilidade de melhora da situação econômica do país e 34% esperam conseguir um aumento do salário ou um novo emprego.
CUSTO DE VIDA
O que mais tem pesado na vida financeira familiar é o custo de vida, ponto citado por 53% dos entrevistados. Esta queixa tem sido a principal recorrência entre os brasileiros desde o início do ano passado. Em seguida aparece falta de emprego (19%), endividamento (14%) e queda dos rendimentos mensais (8%). Em uma avaliação sobre aumento dos preços, a alta dos produtos comprados em supermercados foi apontada por 84%. O mesmo percentual citou a conta de luz, enquanto 70% destacou o preço dos remédios e 69% os combustíveis.
A sondagem também mostra que o desemprego continua sendo uma das grandes preocupações dos brasileiros. Os dados revelam que quatro em cada dez consumidores (44%) afirmaram ter ao menos um desempregado em sua residência. Além disso, 41% que trabalham temem, em algum grau, serem demitidos. Mas, mais uma vez o viés do otimismo aparece, reforçado pelas perspectivas econômicas. Refletindo quanto aos próximos seis meses, a maioria (45%) acredita que as oportunidades de vagas serão maiores, ante 34% que acreditam que estarão no mesmo nível de hoje e 8% dos entrevistados que apostam que serão menores. Entre os consumidores desempregados, a sondagem mostra que, na média, a procura por um emprego já dura quase 11 meses.