A recuperação econômica mais lenta do que o esperado e o mercado de trabalho desaquecido têm frustrado o humor do consumidor brasileiro. Dados apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram que o Indicador de Confiança do Consumidor caiu de 49,0 pontos, em janeiro deste ano, para 44,9 pontos no mês de julho, recuo de 4,1 pontos em um intervalo de seis meses. Pela metodologia, o indicador varia de zero a 100, sendo que somente resultados acima de 50 pontos mostram uma percepção otimista do consumidor.
Com a definição eleitoral, as expectativas dos brasileiros haviam iniciado o ano de 2019 em crescimento, mas o ânimo foi diminuindo mês após mês, conforme a economia apresentava dificuldades para engatar uma recuperação mais vigorosa. Na avaliação do presidente da CNDL, José Cesar da Costa, esse quadro pode começar a se alterar nos próximos meses com o anúncio de uma agenda positiva, que pode recuperar o desgaste observado neste primeiro semestre. “Por ora, o que prevalece é a frustração com a lentidão da retomada econômica. Dados de mercado indicam uma melhora no ambiente, mas ainda está aquém do que o consumidor deseja. O fator positivo é que o mês de julho foi marcado por uma agenda importante, com avanço na aprovação da reforma da Previdência e a decisão do governo em liberar ao menos parte do saldo do FGTS para aquecer o consumo e saldar dívidas”, avalia.
De acordo com o levantamento, em cada dez brasileiros, sete (66%) avaliam negativamente as condições atuais da economia brasileira. Para 27%, o desempenho é regular e para apenas 6% o cenário é positivo. Entre os principais motivos da avaliação negativa os consumidores apontam a alta do desemprego (67%), dos preços (59%) e das taxas de juros (35%).
PESSIMISMO COM FUTURO DA ECONOMIA
A sondagem procurou saber o que os brasileiros esperam do futuro da economia do Brasil e descobriu que as opiniões estão divididas. Os pessimistas formam 34% da amostra, ao passo que 26% estão otimistas em algum grau. Outros 36% não tem opinião formada.
Entre as razões do pessimismo, destaca-se a percepção de não haver melhora perceptível na questão do desemprego, tema que aflige 51% dessas pessoas. Há ainda 50% de entrevistados que reclamam dos altos preços e 38% que discordam das medidas econômicas que vem sendo adotadas pelo governo. Para 36%, as leis e as instituições não favorecem o desenvolvimento do país e 33% têm medo de que instabilidades políticas contaminem o ambiente econômico do país.
Considerando apenas o percentual de brasileiros otimistas com a economia, 40% notam que a situação política do pais está mais estável do que há alguns meses e 33% concordam com as medidas econômicas adotadas pelo governo até o momento. Outros 26% não sabem explicar as razões do sentimento.
ESPERANÇAS DE QUE VAI MELHORAR
Já quando se trata de responder sobre a própria vida financeira, o número de consumidores insatisfeitos é menor do que quando se avalia a economia do Brasil como um todo. De acordo com a sondagem, considerando as condições atuais da vida financeira, 42% avaliam sua situação como ruim e 16% avaliam como boa. E para 41% a situação é regular. Com relação ao futuro, 56% dos consumidores estão otimistas para os próximos seis meses quando pensam no próprio bolso. Os pessimistas formam 14%, enquanto 3% não sabem responder.
A confiança de que as condições econômicas do país vão melhorar é o que mais nutre o brasileiro de esperança em relação as suas finanças, com 36% de citações. Também se destaca o percentual que acredita que conseguirá um novo emprego ou aumento de salário (33%). A boa gestão do orçamento é citada por 28%, enquanto 20% alegam estarem investimento em sua carreira. Outros 16% não sabem explicar a razão do sentimento positivo.
“O emprego e a renda são variáveis essenciais na formação da confiança, mas dependem de um ritmo mais vigoroso de avanço da atividade econômica, que segue a passos lentos. Após meses de revisões de crescimento para baixo, a expetativa é de que o êxito na aprovação da reforma da Previdência, o ensaio para as discussões de uma reforma tributária em breve e a liberação dos saques do saldo do FGTS reverta a tendência de queda da confiança”, avalia o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.