Os consumidores da região metropolitana de São Paulo estão cada vez menos otimistas em relação à conjuntura político-econômica e mais receosos de ir às compras. É o que aponta o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) realizado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e a Fecomércio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo). O resultado é de queda de mais de 9,14% em relação ao verificado no mês passado. Com isso, o ICC de abril fechou em 105,20 pontos e alcança o patamar mais baixo desde março do ano passado (quando havia registrado 105,08 pontos).
O resultado obtido em abril ainda está dentro do nível de otimismo do ICC, já que o índice varia de 0 a 200 pontos. Contudo, conforme destacam os economistas da Fecomercio, é preciso considerar a magnitude da queda e, mais do que isso, a trajetória apresentada pelo índice, que teve a segunda retração consecutiva. “É claramente um recado negativo do consumidor, que está cada vez mais descrente de que a situação vai melhorar e de que ele poderá recuperar seu poder aquisitivo”, afirma o presidente da Fecomercio, Abram Szajman.
Essa descrença está refletida também na nota atribuída ao governo do presidente Lula. Desde que começou a ser apurada, há três meses, a avaliação do governo tem sido cada vez pior: 5,8 em fevereiro, 5,1 em março e 4,8 em abril. Na avaliação da Fecomercio, esse desempenho mostra claramente que, para o consumidor, o período de experiência do governo Lula chegou ao fim e a reversão desse cenário dependerá agora de resultados práticos.
A redução da confiança do consumidor na conjuntura também se reflete na intenção de compra de bens duráveis, já que o medo do desemprego impede que o cidadão assuma compromissos de pagamento a longo prazo. Em abril, apenas 23% dos entrevistados (que são ao todo mais de 1000 pessoas na região metropolitana) disseram ter interesse em adquirir algum bem durável, contra 24% em março e 29,8% em fevereiro. Entre os que pretendem adquirir algum produto, os bens mais procurados são DVD, celular e equipamentos fotográficos/computadores.
O ICC de abril mostra retração mais forte na expectativa de curto prazo (com queda de quase 12% na comparação com março), em especial entre os consumidores mais velhos e de menor renda. Justamente por isso, uma das explicações para o desempenho do índice é o momento de negociação do reajuste do salário mínimo.
A expectativa da Fecomercio é de que, se não houver nenhuma mudança importante no cenário, a trajetória de queda do ICC deverá se manter. Dentro desse contexto, um dos pontos que poderia trazer alteração do cenário no curto prazo é justamente a possibilidade de um reajuste do salário mínimo acima da expectativa atual da população, já que o processo de recuperação da renda e do emprego, se ocorrer, será de modo muito mais lento.