Convergir para o consumo popular



Autor: Marco Roza

 

Os consumidores populares brasileiros estão na moda. Mesmo que confusamente sejam tratados ora como classe média, ora como pertencentes à base da pirâmide social. O que já é consenso é que o conjunto de mais de trinta milhões destes consumidores gastará em 2010, apenas, aproximadamente 700 bilhões de reais. Uma montanha de dinheiro suficiente para estimular agências e anunciantes para que voltem suas atenções estratégicas para esse imenso País dentro do Brasil. É aí que surgem alguns problemas.

Este país de consumidores populares dentro do Brasil tem regras próprias de comunicação, que se apóia em linguagem que leva em conta sua cultura, seus regionalismos, hábitos familiares, vivências em bairros, conduções, igrejas etc.

 

São homens e mulheres, jovens e idosos, que interagem em redes vivas nos aglomerados urbanos. Que praticam coletivamente o amadurecimento e as decisões finais de compra. Que decidem, também coletivamente, a seqüência das prestações a serem pagas.

 

E que são estrangeiros dentro do Brasil pois foram abandonados à própria sorte nos seus bairros distantes, nos cortiços e favelas por um capitalismo tupiniquim que apostou sempre nos nichos mais abastados.

 

São consumidores do povão que, até recentemente, não eram percebidos nas suas nuances (e ainda não o são) mas que esvaziam os bolsos sem deixar rastros na poupança, todos os meses.

 

Que chegam ao mercado cada vez mais bem informados, mas que não conseguem, ainda, traduzir as vontades aos ouvidos desatentos e destreinados de lojistas, de agências e até mesmo dos grandes conglomerados.

 

Colocar estes consumidores na perspectiva de crescimento das companhias nos obriga a se especializar nestes homens e mulheres, jovens e velhos que querem gastar, mas que já impõem como condição de acesso aos seus bolsos. Ou seja, fazer uma paradinha obrigatória e auscultar seus corações e mentes. Pois se trata de gente que valoriza o acesso emocional e que decide a partir do reforço da auto-estima e das sinergias com suas crenças, cultura e vivências na família, na igreja, no bairro e nas conduções.

 

Marco Roza é da Agência Consumidor Popular.

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