Autora: Melina Alves
O final do ano está chegando e, além das energias renovadas, também temos nossas listas de desejos recheadas de novos itens que se tornam objetivos e nos impulsionam a seguir em frente. Com tanto avanço tecnológico, é praticamente impossível não querer acompanhar as novidades do mercado e descartar, muitas vezes em menos de um ano, aquele aparelho que era considerado de última geração, por exemplo. Além disso, com a conectividade e a dependência existente entre as pessoas e as máquinas, é cada vez mais comum acharmos que sem determinado aparelho não nos sentimos completos ou totalmente felizes.
Esses desejos e objetos de consumo influenciam diretamente a criação de projetos inovadores, que são baseados em comportamentos e pessoas, essas que desejam. A compreensão humana é muito importante quando o assunto é tecnologia. As soluções técnicas devem ser criadas através da compreensão do universo das pessoas, sem esse entendimento seria como se designers criassem para eles mesmos. Então, esses aparelhos tão desejados foram objetos de estudos de designers, estrategistas e equipe de criação e vendas, ou seja, eles compreendem o desejo das pessoas e respondem com o objeto que irá se encaixar perfeitamente àquelas necessidades momentâneas.
Por exemplo, há pouco mais de 10 anos, o celular era considerado item opcional, hoje somos completamente dependentes deles, cada vez mais andamos com eles nas mãos. Mas veja, não só o desejo em possuir um aparelho desses aumentou, mas também vontade de tê-lo cada vez mais completo e com múltiplas funções. Com isso, foi crescendo ainda mais o número de ofertas de celulares no mercado e agora eles são menos um objeto de comunicação por chamadas e mais uma cesta de aplicações web que solucionam pequenos problemas, até mesmo reports sobre nossa saúde. As limitações de um aparelho são sempre o principal motivo de inspiração para a concepção de um novo.
É assim que o mercado se alimenta e movimenta. Nunca se vendeu tantos bens de consumo como nos últimos anos. O que ao mesmo tempo pode parecer estranho em um mundo no qual as pessoas estão cada vez mais compromissadas com o meio ambiente, especialmente nas grandes cidades como São Paulo, em que incentivos para ciclistas e reciclagem de lixo não param de crescer. Existem dois lados de uma moeda dentro desse tema, pode parecer o final dos tempos ou o começo deles para os profissionais como desenvolvedores, designers, empresas e estrategistas de produtos e serviços que não se atentarem para o impacto humano e social de seus produtos e serviços, a curto ou longo prazo. Quando as pessoas desejam algo e esse desejo se concretiza em um produto que atende às suas expectativas, dificilmente elas abrirão mão dele.
Por isso é importante que os profissionais dessas áreas entendam com mais profundidade os princípios fundamentais humanos, porque definitivamente os desejos dos seres humanos são os pontos de partida de praticamente todos os projetos, que devem ser envoltos em um planejamento, que envolva organização, mapeamento de conceitos e que analise todos os impactos que possam ser gerados através deles. Com essa consciência, poderemos começar 2015 com ideais empreendedoras ainda mais relevantes, humanas, organizadas e por que não, tecnológicas?
Melina Alves é fundadora da DUXcoworkers.com e professora no MBA de User Experience.