Crise superada



Representantes de diversos setores da economia nacional – infraestrutura, alimentos e bebidas, construção civil, indústria automotiva e bancos – apresentaram na última sexta-feira (16/10), durante a Business Round-Up da Amcham-São Paulo, uma visão positiva sobre o desempenho da economia brasileira no próximo ano. A expectativa é de uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 4% e 5,4%. “Não há dúvida de que a crise está superada para o Brasil. Vemos progressivamente estimativas melhoradas para a economia”, afirmou Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban – Federação Brasileira de Bancos.

 

Os convidados demonstraram sincronia também na avaliação de que as eleições majoritárias de 2010 não devem provocar solavancos na economia nacional. “O processo socioeconômico no Brasil atingiu maturidade tal que, se houver volatilidade, será estimulada por algum tom especulativo. Muito concretamente, não vejo empresas trabalharem com cenários para 2011 considerando que candidato ganhará o pleito”, disse Jackson Schneider, presidente da Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. “Do ponto de vista do investidor externo, é indiferente quem ganhará a eleição”, completou Octavio de Barros, diretor do Departamento de Pesquisa Macroeconômica do Bradesco e presidente do comitê estratégico de Economia da Amcham, que atuou como moderador do debate.

 

O futuro dos setores:

 

Alimentos e bebidas

Na avaliação da Abia – Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, que congrega 38 mil companhias de alimentos e bebidas no País, o segmento terá faturamento superior em 2009: R$ 290 bilhões contra R$ 270 bilhões em 2008. O aumento será possível graças à força do mercado interno, visto que as vendas externas devem registrar queda de 11% até o final do ano, somando R$ 30 bilhões. “Em 2010, imaginamos recuperar o que foi perdido em 2009. Se tudo correr bem e as commodities continuarem em recuperação, como desde feverero deste ano, poderemos retomar o processo de exportação e chegar a R$ 33 bilhões ou R$ 34 bilhões”, adiantou Denis Ribeiro, diretor do Departamento de Economia da Abia.

 

Construção civil

Diferente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que calcula uma retração de 9% na construção civil no primeiro semestre de 2009, o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), projeta expansão entre 2,5% e 3,5% para o período. O resultado, segundo Sergio Watanabe, presidente do Sinduscon-SP, é em grande parte reflexo do grande crescimento obtido em 2008, superior a 10%, também nas estimativas do sindicato. “O programa Minha Casa, Minha Vida não trouxe significativos avanços para o PIB da construção, mas inverteu o ânimo do comprador de imóveis”, acrescentou.

 

Infraestrutura
A Abdib – Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base avalia que o maior desafio para o setor é atingir um patamar de investimentos de R$ 160 bilhões ao ano. Para Paulo Godoy, presidente da instituição, a meta será factível por volta de 2015, sendo petróleo e gás responsáveis por metade desse valor. O executivo considera que eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas, assim como a entrada em operação do pré-sal, têm poder para estimular esse processo, mas não são suficientes para garantir o avanço se não houver desburocratização das instituições do Estado – em processos de licenciamentos e licitações, entre outros. “O País precisa fazer funcionar essa máquina para alcançar a velocidade de que precisa”, disse.

 

Bancos
A Febraban trabalha com a expectativa de ampliação da oferta de crédito no País entre 15% e 20% em 2009, de modo a fechar o ano em R$ 1,3 trilhão, e em pelo menos 20% em 2010, o que representa um volume de R$ 1,7 trilhão a R$ 1,8 trilhão. O economista Rubens Sardenberg vê uma tendência de redução dos juros, do spread bancário e também da inadimplência – já decrescente para pessoas físicas e ainda aumentando, mas em um ritmo menor para pessoas jurídicas.

 

Automóveis
Fortemente impactada pela crise internacional, a indústria automotiva acaba de recuperar, neste mês de outubro, o nível médio de vendas pré-turbulências: 14 mil unidades ao dia. A informação é da Anfavea, que não arrisca uma previsão precisa para 2010, mas garante que o crescimento do mercado interno estará na casa de um dígito. Com relação às vendas externas, por outro lado, não se verifica a mesma retomada. Entre janeiro e setembro deste ano, houve redução de 42,8% em volume e de 50% em valor, o correspondente a 260 mil veículos que deixaram de ser comercializados. A explicação, conforme Jackson Schneider, está na valorização do real e na queda da demanda de nossos maiores importadores.

 

TI
Também presente ao evento, William Thackara Brown III, CFO Latin America da SAP Latin America e membro do Conselho de Administração da Amcham, percebe grandes oportunidades para o segmento de Tecnologia da Informação a partir de 2010. “Muitas empresas terão crescimento explosivo nos próximos anos e, nesse cenário, é preciso sistemas para garantir controles e eficiência”, afirmou Brown. Ele salientou que a complexidade dos sistemas de interação com o Fisco e que os cada vez mais comuns processos de abertura de capital também devem incrementar os negócios do setor.

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