Realizada entre os dias 12 e 14 de março de 2008, com 36 bancos, a pesquisa Febraban de projeções macroeconômicas realizada em março mostra que as expectativas para o desempenho da economia brasileira tanto em 2008 quanto em 2009 continuam positivas. A projeção média para o crescimento do PIB em 2008 subiu de 4,52% para 4,63%, enquanto a previsão média para 2009 foi de 4,15% para 4,20%.
O IBGE divulgou na quarta-feira da semana passada (dia 12 de março) o resultado do PIB em 2007 que mostrou crescimento de 5,4%, acima da expectativa média captada em nossa pesquisa que previa uma expansão de 5,12%. Todos os principais setores registram crescimento no ano passado, sendo que a agropecuária teve expansão de 5,3%, o setor industrial, de 4,9% e o setor de serviços, 4,7%. Neste último segmento, podemos destacar a expansão de 13% registrada no subsetor de intermediação financeira e seguros.
Pela ótica da demanda, podemos destacar a expansão de 13,4% da formação bruta de capital fixo, que registrou a maior taxa anual de crescimento desde o início da série em 1996. Além disso, também podemos salientar o crescimento de 6,5% do consumo das famílias impulsionado tanto pelo aumento da massa salarial dos trabalhadores quanto pelas operações de crédito para pessoas físicas.
Quanto às projeções de inflação, a projeção média para o IPCA em 2008 ficou no mesmo patamar da pesquisa anterior, em 4,48%, enquanto a estimativa para 2009 subiu ligeiramente, de 4,26% para 4,30%. Quanto às projeções para o IGP-M, tanto para 2008 quanto para 2009 apresentaram pequena elevação, de 5,07% para 5,22% e de 4,34% para 4,40%, respectivamente.
Apesar da expectativa majoritária de manutenção da taxa Selic em 11,25% em 2008 e mesmo com a possibilidade de elevação da taxa básica de juros, as expectativas continuam favoráveis também para as operações de crédito. A projeção média de crescimento das operações de crédito da carteira total aumentou ligeiramente de 20,9% na pesquisa anterior para 21,8%, sendo que a previsão para expansão das operações para pessoa física foi de 25,6% para 25,9%, enquanto para pessoa jurídica passou de 21,4% para 23,1%.
Quanto ao cenário internacional, 84% dos analistas pesquisados acreditam que a crise dos EUA pode afetar a economia brasileira e apenas 16% crêem que isso não acontecerá. Dentre os canais de transmissão da crise internacional, são apontados os efeitos do menor crescimento norte-americano sobre os preços das commodities e sobre a demanda internacional e, por outro lado, são mencionadas as possibilidades de retração da liquidez mundial e seus impactos sobre o balanço de pagamentos brasileiro e, conseqüentemente, sobre a taxa de câmbio e inflação.
Assim, uma diminuição da taxa de crescimento da economia global ou deterioração da situação da economia norte-americana ou diminuição da liquidez mundial poderão levar a uma revisão nas projeções macroeconômicas para a economia brasileira. Em relação aos fatores internos, uma revisão das projeções macroeconômicas e financeiras poderá ser desencadeada em função de maiores pressões dos preços dos alimentos ou atividade econômica aquecida ou oferta agregada insuficiente.