Design tipo exportação



Autora: Gilca Carneiro


Pensar em design é pensar em inovação. Toda criação precisa de beleza e funcionalidade, que são as principais exigências do consumidor. Cada vez mais, as empresas buscam no design a solução para atualização de imagem e evolução da marca, bem como reconhecimento nacional e internacional.


No Brasil, assim como em outros países, aspectos culturais, além das situações política, econômica e social, afetam diretamente a produção. Os objetos de consumo refletem a realidade local. Desta forma, alguns produtos se diferenciam por trazerem no design elementos de seus países de origem.


Uma vantagem brasileira é a mistura de raças, naturalmente presente na sociedade, em cada um dos designers e, conseqüentemente, em seus produtos. Por conviver com tanta diversidade em um único país, os artistas brasileiros possuem maior habilidade para enfrentarem situações adversas e se adaptarem a outras culturas.


No entanto, o mercado internacional não busca somente o formato inusitado ou as peculiaridades regionais dos produtos, mas também se preocupa com a qualidade. Além disso, inúmeras outras questões são levadas em conta quando o assunto é exportação. Um produto precisa ser projetado para atender corretamente às necessidades do consumidor. Um bom profissional de design é aquele que cria algo inovador e que, mesmo esse produto sendo produzido em grande escala, transmite o conceito de exclusividade que o público procura.


À medida que a preocupação com o meio ambiente ganha mais força, os chamados eco produtos, feitos com matérias-primas de baixo impacto ambiental e de produção sustentável, tornaram-se uma tendência mundial que começa a despontar também no País.


O Brasil vem se destacando na área de design com uma série de marcas e produtos bastante respeitados no exterior. São embalagens, ventiladores, geladeiras, capas de CDs, móveis e diversos outros itens brasileiros que ganham o mundo. A grande fórmula do sucesso, na verdade, é bem simples: equilibrar conceitos que já são bem aceitos e respeitados com novas idéias criativas. Também preza-se muito, é claro, pela funcionalidade do produto, se ele for ecologicamente correto, melhor ainda.


Os prêmios conquistados por designers brasileiros comprovam que estão no caminho certo. Em 2007, o Brasil inscreveu 150 projetos no IF Design Award, uma das mais conceituadas premiações do gênero. Deste total, 19 peças foram selecionadas e sete premiadas. Desde a criação do IF Design em 2001, o Brasil está entre os dez países mais premiados, com 98 troféus. Este resultado é superior ao obtido por países considerados líderes do design mundial.


O selo Design Excellence Brazil, que visa a promover o reconhecimento internacional do design de produtos e serviços desenvolvidos no País, e o prêmio Opus Design Award, este realizado no Japão, também escolheram produtos brasileiros como os melhores de 2007. Premiações como estas revelam um posicionamento global de marcas nacionais e, conseqüentemente, geração de negócios importantes.


A associação Brasileira de Empresas de Design (Abedesign), em parceria com a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), investiu, nos últimos dois anos, cerca de R$ 2 milhões com o objetivo de aumentar as exportações de serviços desse setor. Apesar dos valores ainda não terem sido divulgados, tudo indica que os resultados foram positivos e que a parceria se repetirá no próximo ano.


Das 70 empresas vinculadas à Abedesign, 23 possuem um expressivo volume de produtos voltados para a exportação. Com o objetivo de ampliar ainda mais esse número, em setembro deste ano, será realizado a Brasil Sesign Week, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. O evento, que terá rodadas de negócios, exposições, seminários e workshops, irá destacar não somente a estética, como também a importância estratégica do design.


Em algumas agências, o volume anual de negócios feitos para o exterior já bate 27% de toda a produção. Além dos produtos brasileiros ganharem o mundo, nossos designers também são alvo de constantes propostas de emprego no exterior.


Neste cenário, as principais empresas se preparam para uma nova fase de desenvolvimento, expansão e retenção dos nossos talentos, com o objetivo de abranger uma fatia cada vez maior do mercado.


Gilca Carneiro é gestora da Spirit.

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